Sete soldados do Exército do Paquistão morreram nesta terça (6) após o veículo em que estavam ser atingido por um artefato explosivo improvisado. As Forças Armadas do país atribuíram o ataque à rival Índia.
Os laços entre os dois países estão tensos desde o ataque à Caxemira indiana, em 22 de abril, que teve como alvo turistas hindus, matando 26 pessoas. A Índia acusou o Paquistão de envolvimento na ofensiva, afirmando que dois dos três supostos agressores eram cidadãos paquistaneses.
Islamabad negou a acusação, mas diz estar preparado para se defender em caso de ataque, levando potências mundiais a pedirem a redução da tensão.
O Exército do Paquistão afirmou que o veículo militar foi alvo de um artefato explosivo improvisado na província de Baluchistão, no sudoeste do país. Segundo os militares, o ataque foi cometido por integrantes do BLA (sigla para Exército de Libertação de Baluchistão), grupo separatista que Islamabad descreve como “agente indiano”.
O BLA é o mais forte entre os vários grupos insurgentes que operam na área da fronteira paquistanesa com Afeganistão e Irã, uma região rica em minerais que abriga o investimento de Pequim no porto de águas profundas de Gwadar e outros projetos.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia não respondeu a um pedido de comentário sobre a declaração.
Os rivais adotaram medidas retaliatórias, incluindo a suspensão do comércio, a revisão de um tratado hídrico, o fechamento do espaço aéreo e a redução do quadro diplomático nas embaixadas.
Na segunda (5), o secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou a necessidade de evitar um confronto militar que poderia “facilmente sair do controle”. “Agora é o momento de máxima contenção e de recuar do abismo.”
O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão afirmou que os membros do Conselho de Segurança da ONU foram atualizados sobre a situação na região e alertados, com base em dados de inteligência, sobre uma “ameaça iminente” de ação por parte da Índia, durante a reunião do conselho realizada na segunda, em Nova York.
“Eles pediram diálogo e diplomacia para dissipar a tensão e evitar o confronto militar e resolver as questões pacificamente”, afirmou o ministério em comunicado.
O Paquistão realizou dois testes de mísseis em três dias e a Índia revelou planos para exercícios de defesa civil a serem realizados em vários estados na quarta (30), desde o acionamento de sirenes de ataque aéreo até planos de retirada.
Nesta terça, líderes civis e militares do Paquistão visitaram a sede da agência de inteligência do país, a ISI. O país ocupa uma vaga não permanente no Conselho de Segurança da ONU, enquanto a Índia busca apoio entre os membros.
Uma fonte indiana afirmou que membros do Conselho expressaram preocupação com a retórica nuclear e os testes do Paquistão, e disseram que Islamabad deveria resolver a crise diretamente com a Índia.
Índia e Paquistão disputam a Caxemira, região de maioria muçulmana no Himalaia, e já travaram duas guerras pelo território. Nova Déli acusa Islamabad de apoiar revolta separatista iniciada em 1989, enquanto o Paquistão diz oferecer apoio diplomático. A Índia também rejeitou declaração da Organização para a Cooperação Islâmica em apoio à causa da Caxemira. Os dois países possuem armas nucleares.