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14/05/2025

Grupo XIX de Teatro sairá da Vila Maria Zélia após 21 anos – 07/05/2025 – Ilustrada

Cristina Camargo

Após 21 anos de residência artística, o Grupo XIX de Teatro vai sair da Vila Maria Zélia, considerada a primeira vila operária do Brasil, na zona leste de São Paulo.

O motivo é o aluguel cobrado pelo INSS, o Instituto Nacional de Seguridade Social, atual proprietário do prédio ocupado pela companhia teatral. O valor, segundo o grupo, é incompatível com a realidade de um coletivo de teatro que sobrevive de editais públicos e da Lei de Fomento ao Teatro de São Paulo.

“Tentamos de várias formas manter o espaço que, em 21 anos, foi sede do Grupo XIX, espaço este que possibilitou o fomento e a criação de outros coletivos teatrais”, diz texto publicado pelo grupo no Instagram. “Sempre importante lembrar que essa ocupação longeva do grupo na Vila Maria Zélia se deu graças a uma luta antiga da classe artística e que resultou na Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo”.

A despedida é marcada por uma curta temporada da peça “Hysteria” e uma apresentação única de “Hygiene”, espetáculos representativos do início da trajetória do XIX.

As sessões de “Hysteria” serão nos dias 10, 11, 16 e 17, às 16h —exceto no dia 17, quando a sessão será às 11h. A apresentação única de “Hygiene” será no dia 25, às 15h.

Os dois espetáculos têm a Maria Zélia como espaço dramatúrgico e levam a vila para a cena teatral. Abordam temas como a repressão contra as mulheres no século 19 e os processos de higienização urbana, marcados por desigualdades.

“Hysteria”, a primeira peça do grupo, estreou em 2001 e foi premiada como revelação pela APCA, a Associação Paulista de Críticos de Arte, com uma história ambientada em um hospício feminino. O espetáculo já foi apresentado em 80 cidades —14 delas fora do Brasil.

“Hygiene” é encenada nos prédios históricos da vila operária e foi criada a partir de pesquisa sobre os processos de higienização urbana do Brasil no final do século 19.

O conjunto da Vila Maria Zélia foi inaugurado em 1917 para abrigar 2.500 operários de uma fábrica localizada na zona leste da capital. O espaço é tombado pelo Condephaat, o Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico, desde a década de 1990.

Além dos espetáculos, o Grupo XIX de Teatro realizou no espaço ações formativas, encontros e projetos de pesquisa, contribuindo para a transformação do local em um polo cultural da zona leste.



Fonte: Folha UOL

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