Por: Annie Correal
A área da baía de Tampa foi atingida por muitas tempestades nas últimas décadas, porém mais de um século se passou desde que a região na Flórida, nos Estados Unidos, sofreu um impacto direto de um grande furacão.
Isso deu a muitos moradores locais uma falsa sensação de segurança, além da expectativa de que seriam poupados em caso de um novo furacão, de acordo com especialistas.
“As pessoas têm algumas superstições sobre ‘ó, não fomos atingidos’, mas isso é absolutamente falso”, disse Rick Davis, que trabalha para o Serviço Nacional de Meteorologia em Tampa. “Nós definitivamente fomos atingidos por grandes furacões. Só não na vida atual de ninguém.”
A área metropolitana ao redor da baía inclui as cidades de Tampa, St. Petersburg e Clearwater, e abriga cerca de 3 milhões de pessoas.
Em outubro de 1921, quando a população era de apenas 120 mil, a área da baía de Tampa foi devastada por uma tempestade de categoria 3, em uma escala que vai até 5, que destruiu píeres de pesca e navios a vapor que estavam nas docas. A tempestade ainda submergiu vagões de trem e derrubou árvores e postes de serviços públicos. Oito pessoas morreram, metade delas afogadas por inundação no litoral.
Davis disse que a área foi atingida por três grandes tempestades nos anos 1800, incluindo um furacão conhecido como o Grande Vendaval de 1848. O fenômeno destruiu quase todos os edifícios na área, que era então pouco mais do que um assentamento com várias centenas de pessoas perto de um posto militar avançado, Fort Brooke.
O momento atual é crítico, disse Davis. “Esta é a época do ano em que os rastros [de tempestades] têm uma chance maior de atingir a região da baía de Tampa vindos do Golfo do México“, afirmou. “As tempestades anteriores que atingiram Tampa fizeram exatamente isso. Elas se formaram no Golfo Ocidental e foram quase direto para o leste em partes da península da Flórida, bem ao redor da baía de Tampa.”
A tempestade de 1921 atingiu a região no final de outubro; a tempestade de 1848, no final de setembro.
O furacão Milton, que se intensificou rapidamente no Golfo do México na segunda, tornando-se de categoria 5, deve atingir a costa, nesta quarta, na categoria 3, de acordo com o serviço meteorológico.
Como em 1921, o furacão deve provocar ondas de 3 a 4,5 metros. A onda pode ser mais prejudicial devido ao furacão Helene, que danificou barreiras e varreu dunas de areia e praias quando passou no mês passado. “Estamos extremamente vulneráveis logo após nosso último furacão, especialmente às ondas”, disse Davis.
Milton também deve provocar na região ventos de 200 km/h, com rajadas de até 205 km/h, chuvas fortes e inundações.
Davis disse que as pessoas na costa foram aconselhadas a deixar a região, mas que mesmo aquelas no interior de Tampa devem estar atentas às chuvas e inundações. “Estamos dizendo às pessoas que este será o pior furacão de suas vidas na baía de Tampa”, afirmou.
