Criticar a primeira-dama não é misoginia – 18/05/2025 – Lygia Maria

Um dos maiores inimigos do feminismo é o uso de pautas caras ao movimento como escudo contra críticas a mulheres.

Por óbvio, nem toda discordância com atos ou falas de pessoas do sexo feminino é machista, ainda mais quando elas integram o campo da política. Nessas situações, principalmente, a crítica é uma ferramenta histórica de escrutínio do poder.

Tal escudo é nefasto porque coloca as mulheres num lugar irracional e vitimista. Parece que somos incapazes de demonstrar que uma oposição não se sustenta. Resta só a opressão ressentida e, às vezes, imaginária.

Ademais, diminui-se a gravidade dos casos em que de fato há preconceito ou violência. Se tudo é machismo, nada é machismo. E esse esvaziamento é explorado por setores sexistas. Ou seja, o feminismo dá um tiro no pé.

Assim, na visita do presidente do Brasil à China, a primeira-dama não foi criticada por ser mulher, mas porque ela e seu marido emitiram opinião controversa sobre um tema importante e sensível: a regulação das redes sociais.

Janja demonstrou desconforto com a plataforma TikTok, e Lula pediu auxílio à ditadura chinesa para lidar com “a questão digital” no Brasil, que tem a democracia como regime de governo.

Ora, dado o contexto doméstico —com decisões do STF que minam a liberdade de expressão, a histórica sanha intervencionista petista e um projeto de lei equivocado sobre o tema no Congresso—, estranho seria não apontar os riscos do discurso do casal.

Mas Janja respondeu acusando misoginia, inclusive por parte da imprensa. Não só ela. Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, e Márcia Lopes, ministra das Mulheres, seguiram o mesmo caminho vitimista.

É vexatório que mulheres em posição de poder manipulem o feminismo dessa forma só para fugir de uma crítica que se faz necessária. Afinal, o governo federal elabora um projeto de regulação da internet que já emite sinais de alerta, como a criação de um órgão estatal que teria a função de fiscalizar e punir plataformas. Não à toa, Lula foi pedir ajuda ao chefe de uma ditadura.


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Fonte: Folha UOL

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