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12/05/2025

Foi jornalista por mais de 70 anos – 21/04/2025 – Cotidiano

Rogério Faria Tavares

Chamado pelo conterrâneo Rubem Braga de “mineiro do litoral”, Wilson Figueiredo nasceu em Castelo, no sul do Espírito Santo, em 29 de julho de 1924, mas mudou-se para Minas Gerais ainda criança. Só chegou a Belo Horizonte em 1943. Antes, morou em Raul Soares, Divinópolis, Montes Claros e Uberaba, no interior do estado.

Na capital, preparou-se para o vestibular de medicina. Desistiu. Começou o curso de letras neolatinas. Não se formou. Autor de poemas, chegou a mostrar alguns para Mário de Andrade, que lhe escreveu: “Acabo de reler seus versos. Você já é poeta, mas só não será poeta como constância de sua vida, se não quiser. (…) Você tem uma poesia dentro de si e tem o que dizer”.

Estimulado, chegou a publicar dois livros: “Mecânica do Azul” (com capa de Burle Marx e prefácio de Alceu Amoroso Lima) saiu em 1946; “Poemas Narrativos” surgiu dois anos depois. Arrependido, mandou recolher todos os exemplares e nunca mais divulgou sua poesia.

Ainda se meteu em literatura. Fez parte da chamada geração Edifício, integrada também por amigos como Autran Dourado, Francisco Iglésias, Octávio Mello Alvarenga e Sábato Magaldi. Juntos, editaram os quatro números da revista do mesmo nome, que circularam no primeiro semestre de 1946. O caminho de Wilson, porém, era mesmo o jornalismo.

Por indicação do piauiense Carlos Castelo Branco, o Castelinho, foi redator e tradutor na Agência Meridional, do jornal Estado de Minas e secretário da Folha de Minas. A paixão pela imprensa logo o levou a fazer o caminho típico dos jovens de sua idade. Em 1957, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde primeiro passou pelo Última Hora e por O Jornal. Mas foi no Jornal do Brasil que fez a maior parte de sua carreira.

Com Odylo Costa, filho, Jânio de Freitas e Amílcar de Castro, testemunhou a histórica reforma gráfica e editorial do JB, de 1959, e passou por todos os postos da Redação. Em 45 anos de empresa, foi repórter, editor, colunista, cronista, editorialista e diretor. Entre 2015 e 2018, reuniu alguns de seus textos em três livros: “1964: O Último Ato”, “De Lula a Lula – A Arte de Montar Governos com Palavras Cruzadas” e “Os Mineiros – Modernistas, Sucessores & Avulsos”.

Morto por causas naturais no seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, na noite de 20 de abril, deixou quatro filhos, oito netos e uma legião de admiradores. Na imprensa e fora dela.

É do Figueiró (como o chamava Hélio Pellegrino) uma das melhores frases sobre a mocidade: “Éramos excedentes em vontade de viver, ávidos de futuro. Faltava-nos o passado, que nos sobra hoje”.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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Fonte: Folha UOL

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