31.1 C
Tarauacá
16/01/2025

Área técnica da Aneel sugere rejeição do plano dos irmãos Batista de assumir Amazonas Energia

Por: Daniel Weterman

BRASÍLIA – A área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recomendou a rejeição do plano da Âmbar Energia, empresa do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, de assumir a Amazonas Energia, distribuidora do Estado. A recomendação vai na contramão de uma decisão judicial que obrigou a Aneel a transferir o controle da companhia para os irmãos Batista e do interesse do governo Lula de finalizar o processo com a transferência.

A Âmbar reiterou nota emitida na segunda-feira, 23, em que defende o plano apresentado. A empresa argumentou que demonstrou, na proposta protocolada na Aneel, “sua capacidade técnica e econômica para adequar o serviço de distribuição e contém as condições necessárias para reverter a histórica inviabilidade econômica da distribuidora”. O Ministério de Minas e Energia afirmou que não cabe à pasta se manifestar no momento por ser um processo em análise na Aneel. A Amazonas Energia não comentou.

A análise foi elaborada no âmbito do processo que analisa o plano de transferência da Amazonas Energia após uma consulta pública. A Aneel diz que vai cumprir a decisão judicial, independentemente da conclusão técnica. A agência se prepara, porém, para recorrer da determinação da Justiça e seguir com o processo de avaliação da concessão até a próxima semana. Conforme o Estadão revelou, a cúpula da Aneel desenhava um cenário de intervenção na Amazonas Energia antes da decisão judicial.

Presidente Lula recebeu Joesley e Wesley Batista em reunião no Palácio do Planalto com ruralistas. Na foto, Joesley é o segundo da fila lateral à esquerda e Wesley é o primeiro da fila lateral à direita. Foto: Wilton Junior/ Estadão

A nota técnica da Aneel concluiu que o plano da Âmbar não atende aos requisitos da medida provisória assinada pelo governo Lula para permitir a transferência da Amazonas Energia porque não é suficiente para solucionar os problemas da companhia com o menor impacto para o consumidor. Portanto, a proposta foi apontada como ilegal. Além disso, a avaliação é que poderá haver prejuízos para o serviço de distribuição de energia à população do Amazonas.

Os técnicos da agência continuam com a avaliação, feita no mês passado, que os consumidores brasileiros vão arcar com um custo de R$ 15,8 bilhões na conta de luz para manter a operação se a proposta dos irmãos Batista for aceita, sendo que o ideal seriam R$ 8 bilhões. A diferença existe porque a Aneel exige prazos menores para a empresa resolver os problemas da companhia e um impacto menor para o bolso dos consumidores. Os custos envolvem, por exemplo, o índice de furto de energia (o chamado “gato”) e o valor necessário para manter a empresa de pé e pagar as contas em dia.

A empresa dos irmãos Batista argumentou, no âmbito do processo, que não é possível se adequar às exigências da Aneel porque os custos operacionais envolvem a distribuição de energia em uma das regiões mais complexas do País, com vastas áreas remotas, dificuldade de logística e toda a complexidade ambiental do Estado amazônico. Para a área técnica da agência, no entanto, é preciso adotar uma trajetória de redução dos custos porque o prazo é de 15 anos, considerado longo e mais do que suficiente.

Além disso, os técnicos rejeitaram a proposta da empresa do grupo J&F de resolver o endividamento da Amazonas Energia, calculado em R$ 10 bilhões, no prazo de 15 anos ancorada nas flexibilizações que serão bancadas pelo consumidor. Os consultores da Aneel insistem na necessidade de determinar prazos e montantes específicos para equacionar a dívida e tornar a distribuidora sustentável. O prejuízo se isso não for feito é calculado em R$ 1,2 bilhão por ano só de juros por até 15 anos, montante equivalente à diferença entre o custo do plano da Âmbar e a proposta da Aneel.

“A não reversão do cenário de endividamento nessa magnitude, pelos impactos financeiros que este pode imputar à concessionária, poderia manter ou levar, novamente, à deterioração do equilíbrio econômico e financeiro, o qual motivou as flexibilizações previstas em Lei, com prejuízos à qualidade, à continuidade e à expansão dos serviços concedidos”, diz a nota.

A Aneel concluiu também que a empresa dos irmãos Batista não demonstrou capacidade técnica no segmento de distribuição, que é o negócio da Amazonas Energia, ao apresentar o plano. A empresa argumentou que a medida provisória não exige experiência prévia na área de distribuição e apresentou seu histórico no setor de geração para se adequar à exigência. Nesse ponto, a área técnica do órgão recomendou que, caso a diretoria da Aneel aprove a transferência, seja exigido a contratação de profissionais qualificados no segmento de distribuição e a comprovação dessa condição em um prazo de 90 dias.

A empresa fez uma oferta pela Amazonas Energia após ser beneficiada pelo governo Lula com uma medida provisória (MP) que socorre o caixa da distribuidora e repassa o custo para a conta de luz dos consumidores brasileiros por até 15 anos. A medida não deve ser votada pelo Congresso e perde a validade no dia 10 de outubro, não gerando os benefícios autorizados pelo Executivo e aumentando as chances de uma intervenção, o que motivou a decisão judicial de obrigar a Aneel a aceitar a proposta dos irmãos Batista.

A cúpula da Aneel aposta na derrubada da decisão judicial por meio de um recurso, mesmo após cumprir a determinação e transferir o controle da Amazonas Energia para a Âmbar. Nesse caso, seria criado um impasse jurídico, na visão de integrantes do setor, porque a empresa já estaria nas mãos dos irmãos Batista e a medida provisória poderia já não estar valendo. Em decisão de agosto, a Justiça Federal do Amazonas intimou a Advocacia-Geral da União (AGU) a intermediar um acordo entre o governo e a Aneel para resolver o conflito, o que ainda não aconteceu.

Fonte: Estadão

Recente:

Que papel poderia a UE desempenhar depois da guerra? – DW – 16/01/2025

Quinze meses depois de um ataque terrorista liderado...

Onde assistir ao vivo Anderlecht x Antwerp pela Jupiler Pro League

Compartilhar Tuitar Compartilhar Compartilhar E-mail O encontro...

Feijó é primeira cidade do Acre a aprovar lei do Fundo de políticas penais

Outro importante passo foi dado na área das políticas...

Boletim de Informações

Não deixe de ler:

Que papel poderia a UE desempenhar depois da guerra? – DW – 16/01/2025

Quinze meses depois de um ataque terrorista liderado...

Onde assistir ao vivo Anderlecht x Antwerp pela Jupiler Pro League

Compartilhar Tuitar Compartilhar Compartilhar E-mail O encontro...

Feijó é primeira cidade do Acre a aprovar lei do Fundo de políticas penais

Outro importante passo foi dado na área das políticas...

Anistia – DW – 12/01/2025

Tanzaniano A activista dos direitos humanos Maria Sarungi Tsehai foi raptada na capital do Quénia, Nairobi, no domingo, informaram a Amnistia Internacional e...

Nenhuma punição, exceto condenação, no caso Trump Hush Money – DW – 10/01/2025

O tribunal do estado de Nova Iorque sentenciou Presidente eleito dos EUA, Donald Trumppor sua condenação criminal relacionada ao pagamento de dinheiro secreto...

Sonko, do Senegal, diz que bases militares estrangeiras serão fechadas – DW – 27/12/2024

SenegalO primeiro-ministro Ousmane Sonko falou durante horas no parlamento na sexta-feira, expondo os planos do novo governo apenas um mês depois a vitória...