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19/01/2025

Ex-atleta de basquete, vegana e mãe da Sol: leia o perfil de Duda Salabert, candidata à PBH

Ela é a primeira deputada federal trans de Minas Gerais. Foi a terceira colocada nas eleições de 2022 no ranking dos parlamentares mineiros. Em 2020, foi a vereadora mais votada da história da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Duda Salabert (PDT) recebeu a reportagem de O TEMPO em sua casa, na região Noroeste de BH. Por trás das estatísticas e dos recordes da candidata à prefeitura, tem uma mãe e muitos brinquedos espalhados pela casa, cachorros correndo pela varanda e um quintal suspenso com jabuticabas e acerolas. 

No sobrado de aluguel, Duda vive com a companheira, Raísa Salabert, com quem é casada há 16 anos, e a filha Sol, de 5. “Somos uma família multiespécie. Aqui moram três humanos, três cachorros, seis gatos, uma coelha e uma colmeia. Todos os animais estavam em situação de rua. Nós os resgatamos”, conta a professora de literatura, que passou boa parte da entrevista com a coelha no colo. O respeito pelos animais também é mantido na alimentação. Duda é vegana, e a filha e a companheira, vegetarianas.

A conversa aconteceu no segundo andar da casa, numa varanda que dá de frente para uma rua movimentada. Um dos pedidos feitos à nossa equipe de vídeo e fotografia era que não mostrássemos detalhes que identificassem o local. A segurança é preocupação constante da candidata, que sofre ameaças de morte e é vítima de discurso de ódio por ser uma mulher trans. Nas eleições de 2022, ela usou colete à prova de balas para votar. “Se tenho medo? Lógico que tenho. Mas o medo não é meu maior sentimento. Tenho uma esperança e uma fé maiores que o medo, tenho um desejo de transformar muito maior que o medo”.

No bate-papo, de mais de uma hora, a candidata, de 43 anos, se definiu como uma pessoa da diversidade. “Sou taurina, filha de Oxóssi com Oxum, batizada na Igreja Católica e de família evangélica. O ecletismo sempre fez parte do meu dia a dia, desde a infância até agora, na vida adulta”, destaca. Duda nasceu na região central de BH, em 1981, mas viveu a infância e adolescência em Contagem. “Minha família é de lá. Tem um fato curioso. Quando me candidatei em 2020, como vereadora, havia possibilidade de sair por Contagem. Decidimos por BH, mas tinha grandes chances de ser eleita lá. Tenho um carinho enorme por Contagem”, diz. 

Origens

Filha de uma costureira e de um torneiro mecânico, a candidata ao mais alto cargo do Executivo municipal vem de família humilde. “Meu avô por parte de pai era carteiro; o materno, pipoqueiro. Minha mãe não chegou a concluir o ensino fundamental. Sempre foi costureira, fazia camisola e vendia na feira. Uma curiosidade é que, com o trabalho de costura, ela pagou a faculdade do meu pai, que se formou em engenharia civil”, conta. Duda fez o ensino fundamental em escola pública. No ensino médio, conseguiu bolsa de estudos em um tradicional colégio particular de Belo Horizonte.

“Sempre fui muito alta, tenho 1,92 m. Consegui uma bolsa no Santo Agostinho para jogar basquete. Foi um privilégio. Me possibilitou ingressar no ensino superior”. A carreira de atleta não vingou, mas surtiu efeitos. “Fiz parte das seleções de basquete de Contagem e de Belo Horizonte”.

Formação

Duda se formou em letras pela PUC Minas. “Passei na PUC, mas não tinha dinheiro para pagar. Consegui bolsa em programa para alunos carentes. Comecei a dar aulas no primeiro período. Com o dinheiro, eu pagava minha passagem de ônibus e o restante da mensalidade”, recorda. No último período, a professora de literatura entrou para o corpo docente do Colégio Bernoulli, onde trabalhou por 20 anos.

Política. A militância começou na época de estudante. “Desde a adolescência, minha atuação foi politizada, na escola e na universidade. Na escola, ajudei a formar o grêmio estudantil. Quando entrei na universidade, participei do diretório acadêmico e lutei para baixar os valores das mensalidades”, lembra.

A primeira candidatura veio em 2018. “Disputei pelo Senado, e a votação foi uma vitória que vou levar para o túmulo. Tive mais de 350 mil votos, três vezes mais que Aécio Neves. Tive voto em todos os 853 municípios”. Mesmo com a votação expressiva, a vitória não veio, mas ela afirma que a candidatura foi estratégica.

“Disputar as eleições para o Senado foi simbólico. Desde que mundo é mundo, é ocupado por pessoas conservadoras. Ter uma pessoa trans (na disputa) era uma forma de mostrar que temos que democratizar o espaço. Até a última eleição, a idade mínima para disputar o cargo era de 35 anos. Essa é a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil”, diz. Em 2020, Duda foi eleita vereadora com 37.613 votos, o que lhe concedeu o título de mais votada da história da Câmara de BH. Em 2022, com 208 mil votos, foi a terceira deputada federal mais votada por Minas. 

Bate-pronto

Em qual candidato (a) foi seu primeiro voto?

 A primeira pessoa em que votei foi o presidente Lula.

O que faz nos momentos de lazer?

Tenho uma paixão pela poesia, então, sempre que preciso recarregar minhas energias, me desconectar desse mundo político e das demandas sociais, eu leio. É isso que me encanta.

Qual último livro que leu?

Posso falar o último que reli. No mês passado, fui ao edifício Maletta e achei uma edição linda do “Grande Sertão: Veredas” (Guimarães Rosa), que é um dos livros que mais amo, e reli.

Qual é seu estilo musical preferido?

Ouço muito MPB e folk internacional.

Qual é seu prato predileto?

Lasanha. Sou vegana há 11 anos, então uma lasanha de berinjela é meu prato preferido.

Cheiro da infância?

Terra molhada.

Defina política em uma frase.

Política é a arte de buscar consensos.

Por que quer ser prefeita de Belo Horizonte?

Quero ser prefeita para que Belo Horizonte seja e tenha a melhor educação do país. Sou professora há mais de 20 anos e entendo que não tem como transformar a sociedade de uma forma que não seja por meio da educação.

Disputa pela Prefeitura de BH

Duda Salabert lançou a candidatura em 18 de abril. Antes da campanha oficial, havia a expectativa de que ela se unisse a Rogério Correia (PT), formando uma frente ampla da esquerda no primeiro turno. Mas Duda não abriu mão de ser cabeça de chapa, sob a alegação de que estava melhor nas pesquisas. Duas de suas bandeiras têm sido educação e meio ambiente. Duda foi contra o corte de árvores na Pampulha para a Stock Car e critica a mineração na serra do Curral.

 

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