O Esporte Clube Pinheiros (EPC), um dos mais tradicionais de São Paulo, vai às urnas nesta segunda (28) para escolher o seu novo presidente em clima de crise institucional e de desconfiança.
Há 15 dias, o atual presidente da diretoria do clube, Carlos Brazolin, anunciou que não seria candidato à reeleição alegando querer se dedicar à família e aos seus negócios. É a primeira vez em 50 anos que um presidente do Pinheiros não é candidato à reeleição. Desde os anos 1970, todos os presidentes foram reconduzidos ao cargo.
Brazolin foi alvo de um pedido de impeachment e seu conselho fiscal também foi objeto de um pedido de impugnação por ter integrantes supostamente em desacordo com o regimento interno.
A gestão atual também enfrentou a instalação de uma comissão especial para investigar um processo licitatório de reforma de campo de futebol. E um levantamento feito por integrante do conselho deliberativo e apresentado ao grupo, composto por 215 conselheiros, apontou que 19 contratos recentes de prestação de serviço foram firmados pelo clube sem licitação –e fora da regra que a dispensa.
Conselheiros declararam haver uma crise institucional no clube A ausência desses e de outros temas considerados graves na pauta das reuniões do conselho deliberativo fez com que conselheiros declarassem haver uma crise institucional no clube. Respostas evasivas a pedidos de informação protocolados por membros do conselho geraram queixas de falta de transparência.
O atual presidente pertence ao Pinheirense, o mais poderoso dos nove grupos políticos que disputam as vagas em conselhos e diretorias do clube, todos cargos voluntários. O Pinheirense e seus aliados elegeram 4 dos últimos 5 presidentes do clube, e não tem candidato oficial na disputa de hoje.
Procurado, o Esporte Clube Pinheiros informou, por nota, que “o clube vive clima político acirrado por conta das eleições que definirão a nova Presidência da Diretoria”, o que é “normal em qualquer processo democrático”. Informou também que “os processos de contratação de obras, bens e serviços seguem disposições regimentais, e os procedimentos internos são auditados por empresa independente”.
A nota diz ainda que “todos os pedidos de esclarecimentos dos Conselheiros à Diretoria são respondidos, e a consulta a documentos é disponibilizada conforme regramento interno, cumprindo integralmente o compromisso de transparência da Diretoria.”
No ano passado, o Pinheiros encarou um outro escândalo, quando reportagem da revista piauí revelou que sucessivas gestões do clube acobertaram condenações de assédio sexual e moral contra o gerente de segurança, que seguia no cargo até então.
Referência para o esporte no país, o Pinheiros tem 39 mil associados da classe alta paulistana. Entre eles estão o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o presidente do PSD e secretário do governo paulista, Gilberto Kassab, e o fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol.
O clube tem um orçamento anual de mais de R$ 300 milhões, alguns deles de origem pública, provenientes de editais e da Lei de Incentivo ao Esporte. Das 20 vezes em que o Brasil subiu ao pódio nas Olimpíadas de Paris, no ano passado, em cinco estavam atletas do Pinheiros.
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