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03/05/2025

Distritos com blocos de Carnaval têm explosão de furtos – 02/05/2025 – Cotidiano

Paulo Eduardo Dias, Lucas Lacerda

O Carnaval de rua de São Paulo pode ter sido o principal responsável pelo aumento de registros de furto em distritos policiais localizados na Vila Mariana, Pinheiros, Santa Cecília, Campos Elíseos e Consolação.

Essas regiões concentraram diversos blocos dos mais variados tamanhos no mês de março, quando aconteceu tanto a folia (do dia 1º a 4) quanto o fim de semana de pós-festa (em 8 e 9).

O 36° DP (Vila Mariana) viu disparar o número de boletins de ocorrência de furto no terceiro mês do ano. Foram 868 queixas contra 315 em março de 2024, uma alta de 175%.

A dinâmica é semelhante ao Carnaval de 2024, realizado em fevereiro. O segundo mês do ano passado registrou 636 casos, enquanto este ano foram 329.

A região do 36º DP abrange o parque Ibirapuera e parte do seu entorno, justamente onde passaram alguns dos maiores blocos da cidade, como os de Pabllo Vittar, o Galo da Madrugada e o BaianaSystem. No acumulado do primeiro trimestre de 2025, a delegacia responsável pela área viu as notificações de furto subirem 25% em relação ao mesmo período do ano passado.

A capital paulista teve recorde de furtos nos primeiros três meses do ano geral. Foram 61.829 crimes notificados, o maior da série da histórica, que existe desde 2001. As delegacias no topo da listão são o 23° DP (Perdizes), com 2.564 ocorrências, seguido do 14° DP (Pinheiros), com 2.485 notificações e o 1° DP (Sé), com 2.316 queixas.

Região com crescente índice de violência, Pinheiros teve 939 queixas de furto neste ano ante 688 em março de 2024, alta de 36%. Um dos casos foi o da médica Renata Mello, 32, furtada enquanto curtia um bloco com a namorada e amigas em 1° de março.

Ela disse ter tomado alguns cuidados antes de sair de casa, como remover aplicativos bancários. A pochete que usava também recebeu o reforço de um mosquetão adaptado para evitar que abrissem o objeto sem que ela percebesse —mas mesmo assim, o aparelho sumiu enquanto estava na folia. “O celular estava na pochete. Estava sempre checando. Não sei como aconteceu”, disse.

A partir daí ela passou a rastrear o objeto, que primeiro circulou por ruas da zona leste, mais precisamente na região da Vila Rio Branco. Depois, o telefone passeou pela região da rua Conselheiro Nébias, no centro da capital. Mais alguns metros e chegou ao Bom Retiro. Devido a proximidade com a sede do Denarc (delegacia de narcóticos), Renata tentou um auxílio, mas sem sucesso.

No dia 22 de março o mesmo iPhone 15 furtado em Pinheiros chegou na China, onde se encontra atualmente.

No geral do ano até aqui Pinheiros fechou o trimestre com 2.485 furtos, 4% a mais do que no período anterior.

O 3° DP (Campos Elíseos), área em que o celular de Renata passou, foi outro com alta de queixas durante as festas de rua. Foram 985 notificações em março deste ano contra 526 em 2024, ou seja, alta de 87%. O distrito policial também é responsável pela cracolândia.

No comparativo entre um trimestre e outro o crescimento foi de 17%, com 1.883 em 2024 e 2.209 neste ano.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse acompanhar de forma permanente todas as variações nos indicadores criminais no estado. “O aumento de furtos em alguns bairros da capital durante o mês de março deve ser compreendido dentro de um contexto específico: o maior fluxo de pessoas nas ruas durante o pré-Carnaval e o período subsequente, o que amplia as oportunidades para crimes patrimoniais, especialmente em regiões com alta concentração de blocos”.

O governo paulista disse também que a folia foi a mais segura dos últimos anos. “Os roubos e furtos de celulares na cidade de São Paulo apresentaram queda em relação ao Carnaval do ano passado. Entre os dias 28 de fevereiro e 4 de março deste ano, foram registrados 828 roubos de celular, contra 1.299 no mesmo período de 2024 –uma redução de 36%. Os furtos de celulares também diminuíram de 2.255 para 1.700, uma queda de 24% nas ocorrências registradas na capital”.

Por sua vez, a gestão Ricardo Nunes (MDB) disse que , pela primeira vez, o Carnaval de rua contou com o Smart Sampa, sistema de monitoramento de segurança por câmeras. “No período do Carnaval 2025, foi responsável pela captura de 14 criminosos foragidos, além da prisão de 10 pessoas em flagrante e a localização de dois desaparecidos.”

Segundo a prefeitura, houve ainda um reforço de 30% no efetivo de guardas municipais durante a folia.

Jonas Pacheco, coordenador de pesquisa da Rede de Observatórios da Segurança, segue a mesma linha do governo, de que a alta nos registros pode estar associado ao aumento da circulação de pessoas.

“Como esses períodos se têm grandes aglomerações, os furtos que são crimes de oportunidades, acabam sendo executados com maior facilidade. Eventos com grandes multidões apresentam um aumento grande de furtos. Seja Carnaval, Rock in Rio e outros eventos”.

Pacheco também põe culpa no que chama de policiamento deficitário. “A ação policial nesses períodos tende a ter um comportamento de tentar coibir brigas e tumultos e esses crimes de furto não ganham tanta atenção. Mas é importante verificar se além do aumento dos furtos, houve também algum tipo de aumento da produtividade policial. Seja com recuperação de celulares, pertences ou prisões”.

Na mesma barca de Vila Mariana e Pinheiros está o 77° DP (Santa Cecília). O bairro da região central, que também recebeu diversos blocos no carnaval, teve alta de 44% em março, com 476 ocorrências ante 331 no período anterior. No trimestre a alta foi de 19%.

Também no centro, o 4° Distrito Policial (Consolação), teve movimento semelhante. Na região, onde se apresentou Daniela Mercury e seu Pipoca da Rainha, a alta de 62% no comparativo mensal. Foram 755 queixas contra 467 no período anterior. No trimestre o crescimento foi de 13%.

De acordo com a SSP, no primeiro trimestre de 2025 foram realizadas 123 prisões e apreensões nas áreas dos distritos policiais do 3º DP (Campos Elíseos), 4º DP (Consolação), 6º DP (Cambuci), 36º DP (Vila Mariana) e 77º DP (Santa Cecília). “Esses números refletem o esforço contínuo no combate à criminalidade, com foco em ações de inteligência, repressão qualificada e presença efetiva nas ruas”.



Fonte: Folha UOL

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