A República dos Golpes: Um Legado de Corrupção, Desilusão e Espoliação Perene

Por Marco Túlio Cícero, se vivesse entre nós

Redação e pesquisa Jose Gomes

Quando a toga da monarquia foi rasgada em 15 de novembro de 1889, o Brasil não testemunhou o florescer de uma era de virtude cívica, mas o início de um ciclo vicioso de golpes, corrupção e desordem. A Proclamação da República, longe de ser um movimento natural do povo em busca de liberdade, foi um golpe urdido por uma elite militar e agrária, insatisfeita com os ventos de mudança do Império.

Como Cícero, defensor da res publica em sua essência, clamo com indignação: onde está a virtude? Onde está o interesse do povo? A República brasileira, desde seu berço, é uma farsa que trocou a estabilidade por ambições mesquinhas, a ordem por um caos travestido de progresso e a liberdade por uma espoliação legal que, como denunciou Frédéric Bastiat, transforma a lei em instrumento de opressão.

O Império, sob Dom Pedro II, não era isento de falhas. A centralização do poder, as tensões com a Igreja e a abolição da escravatura, que deixou os senhores de terras sem seu ignóbil sustento, geraram descontentamento. Mas o que veio após 1889 não foi a cura, e sim a doença. O golpe, liderado por Deodoro da Fonseca, não consultou o povo, não ouviu as massas, mas impôs, pela força das baionetas, uma ordem que serviu aos interesses de poucos. A deposição de um imperador culto e moderado, que mantinha o Brasil unido, abriu as portas para um ciclo de rupturas: 1930, 1937, 1964 e, mais recentemente, as convulsões políticas que culminaram nos eventos de 8 de janeiro de 2023. Cada golpe, cada crise, reforça a verdade amarga: a República brasileira nasceu de um conluio, não de um ideal. A corrupção, esse veneno que corrói a alma de uma nação, encontrou na República um solo fértil.

A Primeira República, dominada por oligarquias cafeeiras, transformou o poder em mercadoria, com o voto de cabresto e o clientelismo como alicerces. Não havia res publica, mas uma res privata, onde o bem comum era sacrificado aos interesses de coronéis e políticos. A instabilidade, com revoltas como a da Armada, a Revolução Federalista e a Guerra de Canudos, expôs a fragilidade de um sistema que prometia liberdade, mas entregava opressão.

A República Velha caiu em 1930, vítima de outro golpe, perpetuando um ciclo que não reforma, apenas substitui os tiranos.E que dizer das consequências para a sociedade? A exclusão do povo permaneceu intocada. A abolição, ato nobre do Império, foi seguida por uma República que abandonou os libertos à miséria, sem terras ou direitos. As elites, livres da moderação monárquica, consolidaram seu domínio, enquanto o povo, alheio ao golpe de 1889, continuou marginalizado, iludido por promessas de progresso.

A educação, pilar de uma nação virtuosa, foi negligenciada; a desigualdade, aprofundada; e a corrupção, institucionalizada. Cada golpe subsequente — de Vargas a 1964 — apenas aprofundou essas feridas, com o Estado servindo aos poderosos, enquanto a plebe clama por justiça. Pior ainda, a República trouxe consigo a espoliação legal, tão bem descrita por Frédéric Bastiat em A Lei: “A lei pervertida! E com ela, os poderes de polícia que deveriam protegê-la! Não é apenas uma injustiça, mas a mais completa inversão da justiça.

A lei transformada em instrumento de espoliação! O que pode ser mais monstruoso do que isso? […] Quando a lei, sob o pretexto de proteger, impõe tributos que despojam o cidadão de seus bens, ela não apenas falha em sua missão, mas se torna o próprio agente da opressão, violando o direito natural à propriedade e à liberdade.” No Brasil, essa verdade ressoa com força. A carga tributária, uma das mais altas do mundo, sufoca o cidadão comum, enquanto os recursos, extorquidos sob o pretexto do bem público, frequentemente alimentam esquemas de corrupção ou privilégios para as elites.

A lei, que deveria proteger, tornou-se um instrumento de confisco, traindo a liberdade e a justiça natural. Em 8 de setembro de 2025, as crises atuais mostram que o Brasil ainda não escapou das sombras de 1889. A polarização política, intensificada após os eventos de 2023, quando uma turba invadiu as instituições em Brasília, reflete a fragilidade de uma democracia que nunca se consolidou plenamente. A corrupção, longe de ser erradicada, adapta-se: escândalos bilionários, como os revelados pela Lava Jato, deram lugar a novos esquemas, enquanto a confiança nas instituições desmorona.

A economia, marcada por inflação persistente e desemprego, castiga os mais pobres, enquanto as elites políticas e econômicas prosperam. A violência, com índices alarmantes em cidades e no campo, é um grito de uma sociedade fraturada, onde o Estado falha em proteger seus cidadãos. As crises ambientais, com o desmatamento da Amazônia e as mudanças climáticas, expõem a negligência de um sistema que prioriza o lucro imediato sobre o futuro. E, acima de tudo, o peso dos impostos, que Bastiat tão eloquentemente condenou, continua a esmagar o povo, desviando riquezas para os cofres de uma máquina estatal muitas vezes ineficiente e corrupta.

Como Cícero, que denunciou Catilina por conspirar contra Roma, acuso esta República de trair seus ideais. Não nasceu do povo, mas de um conluio. Não trouxe virtude, mas corrupção. Não uniu, mas dividiu. Não protegeu, mas espoliou. As crises de 2025 são o espelho das falhas de 1889: um sistema que, em vez de evoluir para o bem comum, perpetua a exclusão, a desconfiança e a espoliação. Cada convulsão política, cada escândalo, cada protesto é um lembrete de que a República brasileira, fundada por um golpe, vive de golpes — seja pela força, seja pela manipulação das instituições, seja pelo confisco legal dos bens do povo.

Até quando, brasileiros, toleraremos este ciclo? Até quando permitiremos que a res publica seja sequestrada por ambições privadas e por uma lei que, em vez de proteger, despoja? A virtude de uma nação não está em sua forma de governo, mas na coragem de seu povo para exigir justiça, igualdade e um Estado que sirva a todos, não a poucos. Enquanto não enfrentarmos as raízes de 1889, enquanto não construirmos uma verdadeira república, seguiremos condenados a repetir os erros do passado, com crises que não cessam, promessas que não se cumprem e uma liberdade sufocada pelo peso da espoliação legal. Que o povo, enfim, desperte e reclame o que lhe foi roubado: uma nação digna de seu potencial.

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