Ranier Bragon
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou nota nesta sexta-feira (9) afirmando que Eduardo Leite abriu mão de um projeto nacional ao trocar o PSDB pelo PSD, partido segundo ele capaz de se unir a bolsonaristas e petistas e de não ter um ideologia definida.
O político mineiro chegou a lembrar a frase dita por Gilberto Kassab, presidente do PSD, quando criou a legenda em 2011, a de que a então nova sigla não seria “nem de esquerda nem de direita nem de centro“.
“Vejo nessa decisão do governador, na verdade, a opção por um projeto regional, já que o partido ao qual ele se filia, como todos sabem, provavelmente terá outras opções na disputa presidencial”, disse Aécio.
“O PSD, legenda cujos membros merecem todo o nosso respeito, tem uma outra concepção da política e não têm dificuldades, por exemplo, em apoiar e participar ao mesmo tempo de governos bolsonaristas e petistas, essa é a nova realidade com a qual o governador do Rio Grande do Sul terá que conviver daqui para frente”, prosseguiu.
Aécio afirmou que pelo que conhece do governador do Rio Grande do Sul não acredita que ele “seja um político que consegue ser, ao mesmo tempo, de esquerda, de centro e de direita, como é o partido ao qual acaba de se filiar”.
“Não sendo, portanto, uma decisão tomada por afinidade ideológica, parece claro que ele optou por um partido que, na sua avaliação, lhe dê melhores condições estruturais para as disputas locais. É o que, para mim, explica essa decisão.”
Depois de uma longa indefinição, Leite assinou nesta sexta-feira (9) sua ficha de filiação ao PSD e se colocou à disposição para ser presidenciável pelo partido em 2026. Ele deixa o PSDB após 24 anos filiado à legenda, que prepara uma fusão com o Podemos.
“É para pensar o Brasil, para termos um projeto para o Brasil, para a superação de uma polarização. E me disponho vivamente a liderá-lo com muita responsabilidade”, disse em sua primeira declaração pela nova sigla.
O PSD tem o governador do Paraná, Ratinho Jr., também como postulante à Presidência, além da declarada intenção de embarcar em eventual candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Apesar de estimular todos esses nomes, o PSD controla três ministérios no governo Lula (PT).
“Recebi ontem um telefonema extremamente cordial do governador Eduardo Leite comunicando a sua já esperada saída do PSDB. Sempre vi Eduardo como um quadro extremamente qualificado da política brasileira e isso não muda”, disse ainda Aécio na nota, afirmando que o PSDB sempre teve coerência em sua trajetória e que, no caso de Leite, nem sempre o caminho mas fácil é aquele que leva mais longe.
“O PSDB não concordou com a proposta apresentada pelo governador no sentido de que a nossa legenda fosse incorporada pelo PSD, pois, isso sim, levaria o PSDB à extinção.”
Um dos principais partidos do país nas últimas décadas, tendo comandado o Brasil de 1995 a 2002 com Fernando Henrique Cardoso, o PSDB tem passado nos últimos anos por um encolhimento que o forçou buscar alianças com o objetivo de não desaparecer por completo.
O partido chegou a negociar fusão, incorporação ou federação com outros partidos maiores, como PSD e MDB, mas as tratativas não avançaram.
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