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10/05/2025

COP30: Campeã climática defende criatividade de jovens – 09/05/2025 – Ambiente

Fernando Azevêdo

A ativista carioca Marcele Oliveira, 26, eleita campeã climática da juventude da COP30 (30ª conferência das Nações Unidas sobre clima), que acontece em novembro deste ano em Belém, tem como missão representar os jovens nas negociações climáticas.

Para isso, ela defende que as novas gerações tragam sua criatividade às discussões sobre o aquecimento do planeta e como lidar com essa crise.

“Eu construo o caminho para que a gente possa levar as nossas vozes e ideias para frente com muita inventividade, sem deixar a burocracia minar a nossa criatividade e a nossa vontade de mudar o mundo. Talvez seja essa a minha principal tarefa”, diz ela.

“Estou muito feliz e honrada com a escolha do meu nome”, comemora.

Natural do Realengo, bairro da periferia do Rio de Janeiro, a produtora cultural formada pela Universidade Fluminense ingressou no ativismo ambiental em 2019. Marcele tem experiência em COPs desde a COP27, conferência que aconteceu no Egito em 2022.

O primeiro ato em que participou foi o movimento Parque Realengo 100% Verde, que, segundo ela, resultou em uma política pública de parques urbanos na cidade do Rio.

Durante a graduação, conta, refletia sobre as desigualdades que via na rua e sobre o racismo ambiental. Para ela, o debate sobre o clima precisa envolver as questões cotidianas.

“Fui percebendo essas desigualdades e entendendo que a nossa desconexão com o meio ambiente também é uma forma de fazer com que a gente não tenha interesse em protegê-lo.”

Assim, desenvolveu seu ativismo, por meio do qual busca abordar a cultura nas periferias, com foco nos jovens desses locais. Após a luta do parque, ela se conectou com outras organizações no estado do Rio de Janeiro, na baixada e leste fluminenses, e participou da construção da coalizão O Clima É de Mudança.

“Nessa coalizão, comecei a organizar encontros, eventos e ações que já conversavam muito com a ideia do mutirão pelo clima, que hoje é o slogan da COP30“, conta.

Na cúpula em Belém, essa experiência será valiosa: sua função é reforçar a participação dos jovens nas políticas climáticas e nos processos de negociação. Para isso, destaca, é importante traduzir os debates para todos, tornar os termos técnicos mais acessíveis e combater a desinformação sobre o clima.

“Algo que atravessou a minha vida antes e vai continuar após esse mandato é acreditar que é através da cultura que a gente garante transformação social. A cultura precisa ser uma estratégia para a conscientização climática”, diz a carioca.

O cargo de jovem campeão climático tem duração de dois anos e existe desde a COP28, realizada em Dubai. Marcele explica que a campeã da juventude deve apresentar um plano com as ações para o mandato.

Ao todo, 154 jovens se inscreveram na seleção para o cargo —a maioria (62%) mulheres—, e 24 nomes foram encaminhados para decisão da presidência da COP30. A faixa etária dos candidatos variava de 18 a 35 anos.

Marcele conta que foi incentivada a participar da seleção por pessoas que viram seu potencial de liderança e engajamento com as pautas de juventude e clima. Ela já integra o programa Jovens Negociadores pelo Clima, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, e participa das cúpulas climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas) há três edições, por meio da coalizão O Clima É de Mudança, da qual é cofundadora, e do PerifaLAB.

Na nova posição, a carioca vê na COP uma oportunidade de o Brasil se posicionar como uma liderança climática e diz acreditar no potencial do evento. “Eu acho que ela [a COP30] pode ser emblemática, mas para isso acontecer a gente precisa de todo mundo”, afirma.

Após três edições da COP em que protestos eram inibidos, Marcele diz acreditar que no Brasil haverá mais espaço para manifestações, como a marcha das organizações da sociedade civil –realizada na COP26, em Glasgow, em 2021– e a Cúpula dos Povos.

Entre os desafios está a infraestrutura da cidade-sede para receber o megaevento. Nesse sentido, Marcele cita, por exemplo, acampamentos como uma alternativa de hospedagem em Belém. A capital paraense tem leitos insuficientes para acomodar o público de 50 mil pessoas esperado para a cúpula.



Fonte: Folha UOL

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