RESENHA CRÍTICA: Pedagogia da Autonomia

Capítulo 2 – “Ensinar não é transferir conhecimento”

Livro: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa

Autor: Paulo Freire

FREIRE, Paulo.  Ensinar não é transferir conhecimento. In: FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004. cap. 2, p. 21- 35

Resumo

No segundo capítulo de Pedagogia da autonomia, Paulo Freire vai direto ao ponto: ensinar não é fazer depósito de conteúdo na cabeça do aluno, como se fosse um banco. Ele repete o que já tinha martelado na Pedagogia do oprimido, mas agora com mais força e com um tom quase de desabafo: a educação “bancária” mata a curiosidade e transforma gente em coisa. Em vez disso, o autor defende que o professor tem que criar condições para que o aluno produza o próprio conhecimento.

Para isso, lista nove saberes que todo educador progressista precisa ter. Entre eles: assumir que todo mundo é inacabado (e que isso é bom), ter humildade, tolerância, alegria de viver, coragem de lutar e, principalmente, uma curiosidade que não se contenta com resposta pronta. Freire insiste que mudança é possível, mesmo sendo difícil no sistema educacional do Brasil, e que a gente não pode cair na conversa fatalista de que “sempre foi assim e sempre será”.

Análise crítica

Ler esse capítulo em 2025 por vez traz desânimo, isso porque a educação bancária que ele combatia há 30 anos está mais viva do que nunca: currículo engessado, aula expositiva de 50 minutos, prova de múltipla escolha, plataforma que entrega “conteúdo pronto” em 5 minutos ou menos.

Em alguns momentos, a leitura torna-se cansativa. A linguagem é poética e envolvente, mas por vezes excessivamente elaborada, o que pode dificultar a compreensão de leitores mais jovens. Uma estudante de 19 anos, habituada a resumos rápidos em redes sociais, talvez desista antes de avançar no texto. Essa dificuldade não é um defeito da juventude, mas uma limitação da obra frente às novas formas de consumo de informação.

Além disso, Freire não viveu para testemunhar o impacto das tecnologias digitais na curiosidade das crianças e adolescentes. Embora fale constantemente da curiosidade epistemológica, não enfrentou desafios como WhatsApp, YouTube Shorts ou algoritmos que estimulam a dopamina e moldam comportamentos. Essa lacuna precisa ser considerada e preenchida pelos educadores contemporâneos.

Conclusão

Conclui-se que esse capítulo não envelheceu, ele só ganhou mais força nos dias atuais, a meu ver a  leitura continua sendo obrigatória para qualquer docente que pise numa sala de aula e se recusa a ser apenas repetidor de slide. Freire não entrega receita pronta, entrega inquietação. Trata-se de uma obra obrigatória para todos que desejam exercer a prática educativa de forma crítica e transformadora

Referências

FREIRE, Paulo.  Ensinar não é transferir conhecimento. In: FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004. cap. 2, p. 21- 35 

Amanda Martins da Silva Kaxinawá  

José de Sousa Gomes 

(IFAC)

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