Marília Miragaia, Nathalia Durval
Depois de seis anos, a cerimônia em que o Guia Michelin anuncia suas famosas estrelas voltou a acontecer na capital paulista nesta segunda (12). A grande mudança anunciada no evento, no luxuoso hotel Rosewood, ao lado da Paulista, foi que o país perdeu um restaurante no grupo de casas que tem duas estrelas.
Cinco restaurantes receberam duas estrelas: D.O.M. (SP), Oro (RJ), Tuju (SP), Evvai (SP) e Lasai (RJ). O Brasil segue sem ter nenhum representante com a classificação máxima, a de três estrelas.
O número de casas com uma estrela subiu para 20, tendo como estreantes Casa 201 e Osseile (RJ) e Kanoe e Ryo (SP). Fame, Jun Sakamoto, Maní, Picchi e Cipriani também fazem parte deste grupo. O Oteque, que tinha duas estrelas, perdeu uma.
O guia dá a restaurantes três (cozinha excepcional), duas (excelente) e uma (requintada), além dos chamados Bib Gourmand (para casas com boa relação entre qualidade e preço).
Foram cinco novidades na categoria Bib Gourmand, A Casa do Porco, Clandestina, Cepa, Jacó e Manioca da Mata. Além delas, fazem parte da lista em São Paulo A Baianeira, Balaio, Banzeiro, Capim Santo, Cuia, Cora, Ecully e Komah, entre outros. Do Rio, integram Didier e Miam Miam.
Restaurantes que fazem parte da seleção do ano, mas que não receberam estrelas, incluem Fasano, Cais, Cantaloup, Casa Rios, Chez Claude, Metzi, Animus, Jiquitaia, Charco, Aiô e Nelita, de São Paulo. Mr. Lam, Ocyá, Sud, Toto e Rudá são exemplos entre as casas cariocas.
Doze novas casas fazem parte dessa seleçãp de casas recomendadas, entre eles Giulietta, Sal Gastronomia e Shin Zushi, de São Paulo, e Babbo Osteria, do Rio.
Entre os prêmios especiais está o de sommelier do ano, faturado por Marcelo da Fonseca Lopes Costa, do Evvai. Novidade, o prêmio de jovem chef foi para Iago Jacomussi, do Jacó. Na categoria que homenageia serviço do ano, foi eleito Rodrigo Cavalcante, do Tuju.
A noite teve a apresentação de Didi Wagner. A cerimônia teve a presença do secretário de Turismo de São Paulo, Rui Alves (Republicanos), do vice-prefeito da cidade do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD), e da secretária municipal de Turismo do Rio de Janeiro, Dani Maia.
“São Paulo tem várias experiências gastronômicas, é uma cidade fora da curva. A gente tem uma preocupação atenta para tudo o que traz divisas para a cidade. E o prefeito, Ricardo Nunes, tem um olhar carinhoso para isso”, diz Rui Alves.
Em sua versão brasileira, o Michelin avalia somente endereços estrelados nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro desde que estreou no país, há dez anos.
Em 2024, Brasil teve 21 restaurantes contemplados na publicação, além dos 6 com duas estrelas, 15 conquistaram uma estrela. Além disso, o prêmio tem agora duas categorias, de sustentabilidade e prêmio de melhor abertura do ano (dado para o paulistano Tuju, do chef Ivan Ralston em 2024).
Para se ter uma ideia, a Argentina, que teve sua primeira edição do guia em 2024, tem um restaurante com duas estrelas e nove com uma na edição atual. Já Nova York, famoso destino gastronômico americano, tem cinco restaurantes com três estrelas, 13 com duas e 54 com uma estrela.
Diferente da lista do 50 Best, em que votos de uma série de jurados são compilados, o Guia Michelin envia inspetores próprios para visitar anonimamente restaurantes e avaliá-los. Entre os critérios estão qualidade dos ingredientes, personalidade que o chef expressa na cozinha, o domínio de técnicas e a regularidade.
O guia ficou sem edição no país de 2021 a 2023. No ano seguinte, voltou ao Brasil graças a um investimento conjunto de R$ 9 milhões das prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro para viabilizar o prêmio até 2026.
Neste ano, a Prefeitura de São Paulo investiu R$ 2,1 milhões para que a festa acontecesse na capital. Em 2024, quando a festa aconteceu no Rio de Janeiro, a prefeitura carioca desembolsou um adicional de R$ 1,9 milhão para realizar a premiação —marcando o primeiro ano da retomada no Brasil com festa no também luxuoso Copacabana Palace.
Nos contratos com a francesa Michelin, é necessário fazer investimento extra para que uma cerimônia aconteça —o guia é publicado independentemente do evento de premiação e tem um formato online, disponível em site e app do Michelin, apesar de ainda manter a publicação física em alguns países, como a França.
A publicação de origem francesa retornou ao Brasil em cenário de expansão, depois de cobrir pela primeira vez cidades na América Latina e Estados Unidos. Como exemplo, fez em 2024 sua estreia na Cidade do México e na Argentina, com Buenos Aires e Mendoza.
Também no ano passado, a Michelin anunciou a criação de um símbolo para a classificação de hotéis no mundo. Os estabelecimentos vão receber “chaves” com base em cinco critérios avaliados pela equipe, como arquitetura, qualidade do serviço e contribuição para o bairro em que estão.
Com 125 anos, o guia foi criado pelos irmãos Edouard e André Michelin em 1900, na França, com informações de onde abastecer e consertar o carro, onde comer e se hospedar.
Mais tarde, a publicação começou a contratar profissionais para visitarem as casas de forma anônima —hoje, os chamados inspetores. Em 1926, os restaurantes começaram a receber estrelas e, cinco anos mais tarde, classificados na escala que vai de uma a três.
A edição brasileira do Guia Michelin foi a primeira publicada na América do Sul.
Duas estrelas
- D.O.M (SP)
- Evvai (SP)
- Lasai (RJ)
- Oro (RJ)
- Tuju (SP)
Uma estrela
- Fame Osteria (SP)
- Huto (SP)
- Jun Sakamoto (SP)
- Kan Suke (SP)
- Kazuo (SP)
- Kinoshita (SP)
- Kuro (SP)
- Maní (SP)
- Mee (RJ)
- Murakami (SP)
- Oizumi Sushi (SP)
- Oteque (RJ)
- Picchi (SP)
- Cipriani (RJ)
- San Omakase (RJ)
- Tangará Jean-Georges (SP)
- Casa 201 (RJ)
- Kanoe (SP)
- Oseille (RJ)
- Ryo Gastronomia (SP)