Gustavo Gonçalves
O Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) é um dos principais caminhos para quem quer cursar uma faculdade privada, mas não tem como pagar as mensalidades durante o curso. Criado em 1999, o programa passou por mudanças nos últimos anos e hoje é dividido em modalidades que atendem principalmente estudantes de baixa renda.
O programa do Ministério da Educação oferece financiamento com juro zero para quem tem renda familiar de até três salários mínimos por pessoa e nota mínima no Enem. O valor financiado é pago só após a formatura, com parcelas proporcionais à renda do ex-estudante.
Em 2024, o governo federal relançou o Fies Social, uma modalidade voltada a pessoas inscritas no CadÚnico, com regras ainda mais flexíveis para ampliar o acesso ao ensino superior de públicos historicamente excluídos —como beneficiários do Bolsa Família e pessoas em situação de vulnerabilidade.
A seguir, a Folha responde às principais dúvidas sobre o programa:
QUEM PODE PARTICIPAR DO FIES?
O Fies é voltado para estudantes que:
- Participaram do Enem a partir de 2010, com nota média mínima de 450 nas provas objetivas e nota acima de zero na redação;
- Possuem renda familiar mensal bruta de até três salários mínimos (total de R$ 4.554 no valor de 2025) por pessoa;
- Estão matriculados ou têm interesse em cursos superiores com avaliação positiva no MEC.
COMO FUNCIONA O FINANCIAMENTO?
O estudante pode financiar até 100% do valor do curso, a depender da renda e da disponibilidade de vagas. O valor é repassado diretamente à instituição de ensino, e o pagamento das parcelas pelo estudante começa após a formatura, com valor definido conforme a renda declarada no momento da contratação e atualização durante o período de amortização.
O FIES COBRA JUROS?
Para estudantes com renda de até três salários mínimos por pessoa, o Fies oferece juro zero. Acima disso, há a modalidade P-Fies, operada por bancos privados com taxas mais altas, voltada a quem tem renda familiar de até cinco salários mínimos.
O QUE É O FIES SOCIAL?
O Fies Social é uma modalidade lançada em 2024 voltada a pessoas inscritas no CadÚnico, com prioridade para famílias com renda per capita de até meio salário mínimo (ou R$ 759 em 2025). Além do financiamento integral com juro zero, o programa oferece carência maior e condições facilitadas de pagamento após a formatura.
COMO SE INSCREVER NO FIES?
As inscrições são feitas no site do sistema. O candidato escolhe até três opções de curso/instituição por ordem de preferência. A seleção leva em conta a nota do Enem e a renda declarada, priorizando candidatos em situação de vulnerabilidade.
QUAIS SÃO OS DOCUMENTOS EXIGIDOS?
Após a pré-seleção, é necessário apresentar:
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Documentos pessoais (RG, CPF);
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Comprovantes de residência;
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Documentos que comprovem a renda de todos os membros da família;
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Documentos de escolaridade e matrícula na instituição de ensino.
Os documentos são entregues primeiro à faculdade e, depois, ao banco para a formalização do contrato.
COMO FUNCIONA O ADITAMENTO?
O aditamento é a renovação do contrato, feita a cada semestre. É necessário confirmar se os dados permanecem os mesmos ou registrar alterações, como mudança de renda ou transferência de curso. O processo também é feito online, com acompanhamento da instituição de ensino.
QUANDO O PAGAMENTO COMEÇA E COMO É FEITO?
O pagamento tem início após a formatura, com um período de carência de até 18 meses. O valor das parcelas é calculado com base na renda do ex-estudante, com teto de comprometimento mensal. Quem estiver desempregado ou com renda muito baixa pode solicitar abatimentos ou renegociação.
O QUE FAZER SE NÃO FOR PRÉ-SELECIONADO?
Quem não for aprovado na chamada regular entra automaticamente na lista de espera. É necessário acompanhar o sistema diariamente durante o período de convocação para complementar a inscrição, caso seja selecionado.
Embora o programa ofereça juro zero para boa parte dos candidatos, o estudante deve planejar o uso do crédito com cautela. O ideal é financiar apenas o necessário, considerar a empregabilidade do curso escolhido e acompanhar a renda familiar ao longo do contrato. A inadimplência pode acarretar cobranças judiciais e inscrição em órgãos de proteção ao crédito.