Por: Joe Leahy
As pressões deflacionárias da China aumentaram em setembro com preços ao consumidor e de fábrica mais fracos do que o esperado, sublinhando os apelos por um pacote maior de medidas para impulsionar a economia.
Os dados mais fracos surgem enquanto os mercados aguardam informações mais detalhadas sobre os planos de estímulo de Pequim, na esteira uma entrevista coletiva do Ministério das Finanças no sábado (12) que prometeu mais gastos, mas forneceu poucos novos números.
O índice de preços ao consumidor da China subiu 0,4% em relação ao ano anterior em setembro, informou o Escritório Nacional de Estatísticas neste domingo (13). O resultado ficou aquém das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que previam aumento de 0,6%, e veio abaixo dos 0,6% de agosto.
O índice caiu 2,8% ano a ano, enquanto as previsões de analistas viam declínio de 2,6%. A queda acelerou dos 1,8% em agosto e foi a mais acentuada em seis meses.
O Goldman Sachs afirmou que a inflação foi sustentada pelo aumento dos preços dos alimentos, que foram afetados por condições climáticas adversas e demanda sazonal antes do feriado da Semana Dourada, que começou em 1º de outubro.
As leituras fracas de inflação destacam como a economia da China está sofrendo com pressões deflacionárias decorrentes de uma profunda crise imobiliária que afetou a demanda das famílias.
Elas chegam antes dos dados do governo programados para serem divulgados esta semana, que devem pintar um quadro de uma economia de duas velocidades, com números fortes de comércio sendo compensados por fracos dados do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre na sexta-feira.
Economistas esperam que o PIB do terceiro trimestre da China tenha crescido menos do que a meta oficial de Pequim de 5% em relação ao ano anterior.
Analistas alertaram que, se o crescimento desacelerar ainda mais e o motor de exportação da China começar a enfrentar mais obstáculos, como o protecionismo de importantes parceiros comerciais, os formuladores de políticas terão que tomar mais medidas.
“Se o modelo de duas velocidades [não puder] continuar, os formuladores de políticas [terão] que intensificar o estímulo político”, disse Larry Hu, economista da Macquarie, em uma nota.
Após meses de medidas incrementais, o Banco Central anunciou um estímulo monetário mais vigoroso no final de setembro, antes do feriado nacional, desencadeando uma recuperação nos mercados de ações há muito estagnados da China.
Os investidores estão esperando que Pequim detalhe planos adicionais de gastos fiscais para apoiar o estímulo monetário, mas ficaram desapontados com a falta de detalhes nos anúncios subsequentes do governo.
Analistas disseram que, enquanto os mercados querem que o governo apresente uma frente mais determinada sobre o estímulo, Pequim tentará evitar inundar o mercado com crédito. Esforços de estímulo passados são culpados por criar uma bolha no mercado imobiliário.
A atenção está se voltando para a próxima reunião de liderança do Congresso Nacional do Povo, o parlamento carimbador da China, que tecnicamente precisa aprovar quaisquer planos de gastos adicionais. Espera-se uma reunião nas próximas semanas.
O escritório de estatísticas disse que os preços mais fracos dos produtores foram impulsionados pela indústria de fundição e laminação de metais “ferrosos”, com queda de 11% em relação ao ano anterior, e pelas indústrias de processamento de petróleo, carvão e outros combustíveis, com queda de 9,4%. O preço de fábrica dos bens de consumo também caiu 1,3%.
Sobre os preços ao consumidor, o escritório disse que o preço dos “carros de nova energia” —veículos elétricos— e dos carros com motores tradicionais caiu 6,9% e 6,1%, respectivamente.
O mercado automotivo da China é caracterizado por uma concorrência acirrada e excesso de capacidade, levando muitos produtores a aumentar as exportações de baixo custo.