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01/06/2025

‘O Grande Gatsby’ faz 100 anos como ícone da ostentação – 14/05/2025 – Ilustrada

André Barcinski

“O Grande Gatsby” está fazendo cem anos. Lançado em 1925 por F. Scott Fitzgerald, então de apenas 28 anos, o romance foi praticamente ignorado à época em que foi publicado, mas hoje é considerado uma obra-prima da literatura americana e continua a ser reverenciado em relançamentos, debates, teses, filmes e peças da Broadway.

Mais que isso: “O Grande Gatsby” virou uma referência estética e cultural. Quando alguém quer aludir ao otimismo e ostentação da “era do jazz” dos anos 1920 nos Estados Unidos, é no livro de Fitzgerald —e principalmente em seu personagem-título, um magnata misterioso e melancólico, cuja fortuna veio ninguém sabe de onde— que buscam inspiração, em frases como “o dinheiro não pode comprar felicidade, mas pode comprar um barco para ir até lá” ou na famosa descrição do sorriso de Gatsby.

“Era um desses sorrisos raros que têm em si algo de segurança eterna, um desses sorrisos com que a gente talvez se depare quatro ou cinco vezes na vida. Um sorriso que, por um momento, encarava —ou parecia encarar— todo o mundo eterno, e que depois se concentrava na gente com irresistível expressão de parcialidade a nosso favor.”

Talvez a obra de Fitzgerald ecoe com tanta força hoje por ter antecipado ondas como o culto a celebridades, o fascínio pela vida dos ricos e famosos e o louvor à ostentação. Não é à toa que a cultura do hip hop, com sua celebração da ascensão pessoal e do poder da grana, abraçou Gatsby como um dos seus.

A trilha sonora de uma das versões do livro para o cinema, dirigida em 2013 por Baz Luhrmann e com Leonardo DiCaprio como Gatsby, trouxe faixas de artistas como Jay-Z, Beyoncé, André 3000, Will.i.am e Q-Tip. E em 2003, o filme “G”, dirigido por Christopher Scott Cherot, transformou Gatsby num magnata negro do hip hop que busca reconquistar o amor de sua vida, Daisy Buchanan.

A estrutura narrativa do livro é voyeurística: vemos as festas nababescas da mansão de Gatsby em Long Island pelos olhos de um sujeito sem status social para frequentá-las, Nick Carraway, o narrador da história.

Carraway aluga um bangalô humilde que fica ao lado da imponente mansão de Gatsby, de onde vê a movimentação no jardim e a chegada de carros de último modelo trazendo os “jet-setters” de Nova York para os rega-bofes disputados de Gatsby.

Nas primeiras 40 páginas do livro, Gatsby não aparece. Ele é um espírito, uma entidade, pairando sobre a vida dos convivas, muitos, segundo Carraway, não convidados para as festas. “As pessoas não eram convidadas, iam para lá. Metiam-se em automóveis que as conduziam a Long Island e, de algum modo, acabavam sempre parando à porta de Gatsby.”

Carraway acaba convidado para uma das festas pelo próprio Gatsby, curioso por conhecer o vizinho pobretão. E a vida dos dois se entrelaça: ele é primo distante de Daisy, o amor da vida de Gatsby, mas o casal se separa quando o ricaço vai lutar na Primeira Guerra Mundial e ela acaba se casando com Tom, um brutamontes insensível e racista, que a trai com Myrtle, esposa do dono de um posto de gasolina.

A história reflete a vida do próprio Fitzgerald, que, aos 18 anos, se apaixonou por uma socialite rica, Ginevra King, só para ver o romance proibido pelos pais dela, que não aprovaram a união da filhinha com um pé-rapado.

Fitzgerald vai para a guerra e descobre, durante o combate, que Ginevra havia se casado com um executivo, mas ele acaba conhecendo e se apaixonando por Zelda Sayre, com quem se casa em 1920, depois de fazer sucesso com o romance de estreia, “Este Lado do Paraíso

F. Scott Fitzgerald morreu de um ataque do coração em 1940, aos 44 anos, bêbado e falido. Deixou quatro coletâneas de contos, quatro romances e um quinto, “O Último Magnata”, inacabado.

Não viveu sequer para ver as tropas americanas na Segunda Guerra Mundial receberem cópias de “O Grande Gatsby” —foram mais de 120 mil exemplares enviados para a linha de combate— ou para aproveitar a reavaliação crítica de sua obra, que acontece com força na década de 1960.

Fitzgerald morreu, mas Gatsby vive e está cada dia mais saudável, ainda acreditando na “luz verde” e no “orgiástico futuro que, ano após ano, se afastava de nós”.



Fonte: Folha UOL

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