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Ano após ano, as emergências climáticas nos mostram que não são mais um risco futuro, mas uma realidade presente. No Brasil, eventos como enchentes, deslizamentos e queimadas afetam milhares de pessoas. Entre os mais atingidos, estão nano e micro empreendedores populares, como pequenos comerciantes, produtores rurais e prestadores de serviços, que sustentam boa parte da economia informal do país.
O impacto de uma enchente que destrói um pequeno comércio ou de uma seca que arruína a produção de um agricultor familiar pode ser devastador e permanente.
No Brasil, dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) revelam que enchentes e deslizamentos são os desastres que mais têm impactado a população nas últimas décadas, sobretudo nas periferias urbanas e áreas rurais, onde muitos pequenos negócios estão localizados.
Segundo o Banco Mundial, até 2030, entre 32 e 132 milhões de pessoas no mundo podem cair na pobreza extrema devido às mudanças climáticas.
Enquanto grandes empresas contam com seguros e equipes especializadas em gerenciamento de crises, empreendedores populares ficam desamparados. O Índice de Maturidade da Gestão de Riscos, desenvolvido pela FDC (Fundação Dom Cabral), mostra que muitas empresas brasileiras, especialmente pequenas e médias, não estão preparadas para lidar com crises, incluindo desastres climáticos.
O estudo ressalta a importância de aprimorar a governança e a resiliência empresarial para enfrentar esses desafios e desenvolver planos de contingência. Governos locais e o federal também têm responsabilidade. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil atua em situações de emergência, mas o foco ainda é na resposta a desastres, e não na prevenção.
Planos de adaptação ao clima, como o mapeamento de áreas de risco, podem ser revistos e priorizados. Além disso, é preciso incluir pequenos empreendedores em políticas de adaptação e mitigação climática. Um exemplo bem-sucedido vem de Curitiba, que investiu em infraestrutura verde e gestão de resíduos, beneficiando pequenos negócios que utilizam tecnologias de baixo impacto ambiental.
Empresas privadas também têm papel importante ao fornecer suporte tecnológico e financeiro para que empreendedores populares adaptem suas operações. Isso pode ser feito por meio de parcerias, financiamentos individuais ou coletivos, além da disponibilização de tecnologias acessíveis.
Soluções tecnológicas simples, como sistemas de captação de água de chuva ou plataformas digitais que oferecem previsões meteorológicas, podem ser adaptadas para ajudar pequenos produtores e comerciantes.
Empreendedores populares são parte fundamental da economia brasileira, e a adaptação às mudanças climáticas é uma questão urgente. Suas ações sustentáveis e de resiliência em pequena escala podem fazer diferença, no entanto eles não podem enfrentar essa luta sozinhos.
Há uma necessidade latente de ações coordenadas entre os setores público e privado, com políticas que incluam desde planos de contingência mais robustos até incentivos financeiros para práticas sustentáveis e disponibilização de tecnologias.
Iniciativas como a criação de redes de apoio comunitário, educação ambiental e desenvolvimento de tecnologias são essenciais. Assim, o Brasil estará não apenas protegendo seus empreendedores populares, mas também construindo um futuro mais resiliente e economicamente sustentável.
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