O presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou assessores e vice-ministros para conversas de paz com a Ucrânia na Turquia nesta quinta-feira (15), rejeitando o desafio de Kiev de ir pessoalmente ao local para se encontrar com o presidente Volodimir Zelenski.
Putin propôs no domingo (11) negociações diretas com a Ucrânia em Istambul, e Zelenski havia dito que aguardaria o líder do Kremlin.
Mas, depois de manter o mundo na dúvida por dias sobre os planos de Putin, o Kremlin nomeou na noite de quarta (14) uma delegação de escalão inferior que não incluía o presidente e foi descrita pelos aliados europeus de Kiev como uma afronta.
Não ficou claro como a Ucrânia –que até o momento não se comprometeu publicamente a enviar ninguém para as negociações em Istambul nem a nomear uma delegação– responderia.
Uma autoridade ucraniana disse que Zelenski — que declarou só estar disposto a conversar apenas com o próprio Putin, e não com outros representantes russos — tomaria uma decisão sobre as negociações após se reunir com o presidente turco, Tayyip Erdogan, ainda nesta quinta, em Ancara.
Houve confusão em Istambul, onde repórteres estavam reunidos perto do palácio Dolmabahçe, que os russos haviam especificado como local das negociações.
Uma autoridade ucraniana disse que não houve acordo sobre quando as negociações poderiam começar. Autoridades turcas não deram informações sobre o horário ou local, mas o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, disse esperar que as negociações abram um novo capítulo.
Zelenski havia provocado Putin no início desta semana, questionando se ele teria coragem suficiente para comparecer. O Kremlin afirma que Putin –que também está sob ameaça de sanções europeias ainda mais severas para sufocar a economia russa– não responde a ultimatos.
As partes em conflito se encontraram pela última vez pessoalmente – também em Istambul – em março de 2022, apenas algumas semanas após Putin enviar seu Exército para a Ucrânia.
Ambos estão tentando mostrar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que levam a paz a sério, enquanto ele os pressiona para encerrar o que chama de “esta guerra estúpida”. Washington ameaçou repetidamente abandonar seus esforços diplomáticos para resolver o conflito, a menos que haja progresso claro.
Após pressionar a Ucrânia e entrar em choque com Zelenski em uma reunião no Salão Oval em fevereiro, Trump demonstrou crescente impaciência com Putin nas últimas semanas e ameaçou impor sanções adicionais para atingir o comércio russo.
Trump, que está em uma viagem por três países do Oriente Médio, disse nesta quinta que participaria das negociações na Turquia na sexta-feira (16) “se for apropriado”.
A ausência confirmada de Putin reduz as expectativas de um grande avanço no conflito, o mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Zelenski apoia um cessar-fogo imediato de 30 dias, mas Putin afirmou que primeiro deseja iniciar negociações nas quais os detalhes de tal trégua possam ser discutidos.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, falando em uma reunião da Otan na Turquia, disse que não havia solução militar para o conflito e que Trump estava aberto a “praticamente qualquer mecanismo” que levasse à paz.