Por: ?William Wilkes, Albertina Torsoli
O CEO da BMW, Oliver Zipse, afirmou que o plano da Europa de proibir totalmente a venda de carros com motor de combustão a partir de 2035 levará a uma “redução maciça” de sua indústria automotiva.
Aumentando os alertas de que o continente não está pronto para abandonar os propulsores a gasolina e diesel, Zipse afirmou que os planos da União Europeia “não são mais realistas” e que os subsídios para veículos elétricos são “insustentáveis”.
O motor de combustão tem sido há muito tempo um pilar da indústria europeia, desempenhando um papel vital em sua capacidade de manufatura. A tecnologia não apenas deu origem à BMW, Volkswagen e Mercedes-Benz, mas também gerou uma vasta cadeia de suprimentos de pequenas e médias empresas que produzem componentes críticos, desde pistões até sistemas de escape.
Essa indústria está em risco, especialmente à medida que as montadoras mudarem para modelos elétricos que requerem menos e diferentes insumos, de acordo com Zipse, que esteve no Salão do Automóvel de Paris nesta terça-feira (15).
A transição está se mostrando um desafio para a indústria automotiva europeia, que tem lutado para lidar com a remoção de subsídios governamentais e a intensificação da concorrência de fabricantes chineses de veículos elétricos, como a BYD.
“(A proibição) também pode ameaçar a indústria automotiva europeia em seu coração”, avaliou Zipse. As medidas “com as suposições de hoje, levarão a uma redução maciça da indústria como um todo”, complementou.
As montadoras também têm obrigações de curto prazo para se preocupar, com a União Europeia apertando as metas de emissões de frota no próximo ano. Se os fabricantes não conseguirem vender mais veículos elétricos, estarão sujeitos a multas de até 15 bilhões de euros (R$ 91,59 bilhões).
BMW e Mercedes estão no caminho para cumprir as metas mais rígidas, mas Volkswagen, Stellantis e Renault podem não alcançá-las, de acordo com uma análise recente da Bloomberg Intelligence.
As empresas podem comprar créditos de emissões de fabricantes que excedem as metas, como a Tesla, para evitar multas.
O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, afirmou nesta terça que a companhia não comprará créditos. “Cumpriremos a regulamentação em todos os lugares”, disse no Salão de Paris.