Por: Marianna Holanda, Renato Machado, Adriana Fernandes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai receber, na quarta-feira (15), banqueiros das principais instituições do país no Palácio do Planalto, após defender a criação do imposto mínimo para milionários.
Segundo a Secom, foram convidados representantes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), do Itaú Unibanco, do Bradesco, do Santander, do BTG Pactual e do Safra.
A reunião está marcada para o final da manhã e terá participação de Fernando Haddad (Fazenda). O presidente já esteve antes, em setembro, com a Febraban e, em abril, com o Santander. Mas este é o primeiro encontro com dirigentes dos principais bancos do país em grupo.
O encontro de Lula foi antecipado pelo jornal Valor Econômico e confirmado pela Folha. Segundo participantes, a pauta será agenda econômica, que neste momento inclui temas como imposto mínimo para milionários, bets e reforma tributária.
A Fazenda estuda um modelo de taxação de milionários como forma de bancar a ampliação de isenção de IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) para quem ganha até R$ 5.000, e Lula defendeu recentemente essa possibilidade.
“Não é compromisso de campanha só, é compromisso de justiça. Você não pode fazer com que pessoas que ganhem até R$ 5.000 paguem Imposto de Renda, enquanto caras que têm ação na Petrobras recebam R$ 45 bilhões de dividendos sem pagar imposto. (…) Então, eu quero sim fazer essa justiça e acho que nós temos de tirar de alguém”, disse, em entrevista à rádio O Povo/CBN.
O chefe do Executivo disse ainda, na ocasião, que salário não é renda, e defendeu “no futuro” ampliar ainda mais a isenção, além dos R$ 5.000 prometidos.
Após as falas, dadas em entrevista à rádio O Povo/CBN Fortaleza, o dólar, que começou o dia em queda, passou a registrar alta e chegou a marcar R$ 5,653 na máxima do dia. A moeda fechou com valorização de 0,52%, a R$ 5,613, enquanto a Bolsa teve queda de 0,27%, aos 129.992 pontos, com o avanço da Vale impedindo maiores perdas no índice.
Em outra frente, o governo prepara medidas de contenção de gastos obrigatórios para serem apresentadas após a realização do segundo turno das eleições, em 27 de outubro. Haddad se reuniu nesta terça-feira (15) com a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) para discutir as medidas com mais chances de serem aprovadas pelo presidente Lula.
O tema é tratado com mais prioridade dentro da pasta após a repercussão negativa da fala de Lula sobre a o aumento da isenção do IR (Imposto de Renda) para os trabalhadores que ganham até R$ 5.000 —uma promessa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou na sexta-feira (11) que será cumprida até o fim de seu mandato em 2026.
Em entrevista à Folha, o ministro Fernando Haddad disse que um dos principais temas de conversas dele com Lula é a dinâmica dos gastos do governo e o impacto deles na dívida pública —que só cresce. Resolver esse problema, diz Haddad, é “premente” e está “na ordem do dia”.
O ministro afirma que é necessário “endereçar essa questão” para “as pessoas enxergarem que a soma das partes vai caber no todo” e que o arcabouço fiscal definido pelo governo vai de fato funcionar. É tão urgente resolver o problema, diz ele, que a reestruturação das despesas deve ocorrer antes mesmo da reforma tributária sobre a renda, até então prevista para ser enviada ao Congresso até o fim do ano.