Por: Pedro Vieira
Por volta das 10h desta terça-feira (15), moradores da rua Francisco de Alvarenga, no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo, fecharam três ruas com sacos de lixo, dois ônibus e galhos que caíram durante a tempestade que aconteceu na ultima sexta-feira (11).
O ato foi um protesto contra a Enel após quatro dias sem luz e três dias sem água na região.
Essa foi mais uma das várias manifestações que aconteceram em diversos pontos da região metropolitana. Os moradores reclamam que nas ruas paralelas o fornecimento de energia já havia sido reestabelecido.
“Sabe o que eu acho engraçado? Na favela a gente tá sem luz, mas vai nos bairro de rico para ver se tá sem luz”, diz a diarista Fabiana Santos Albuquerque, 44. “Ontem eu fui fazer uma diária, todos os prédios têm luz, as casa têm luz, só do pobre que tá há cinco dias sem água e sem luz”, completa.
Uma das filhas de Albuquerque relata ter perdido R$ 500 de comida que estava na geladeira e que o gás já havia acabado.
Em menos de dez minutos, uma viatura da Polícia Militar chegou ao local e tentou negociar com os manifestantes para liberarem parte da via, mas sem sucesso. Os moradores disseram que só liberariam a via para a passagem do caminhão da concessionária de energia, para carros de emergência, e que a manifestação seguiria pacífica até a chegada dos técnicos de manutenção.
A Escola Estadual Yolanda Bernadini Robert, que fica na mesma rua, teve de suspender as aulas, segundo uma funcionária.
Ozair Antenor Soares, 68, que cuida 24 horas do marido que está em estado vegetativo e que depende de três aparelhos para se manter vivo, diz que teve sorte de o vizinho da rua de trás ter cedido um ponto de energia para manter alguns aparelhos ligados. Soares tem ajuda de uma enfermeira home care, mas em caso de emergência teria que deslocar o marido por meio do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Segundo boletim divulgado pela Enel, na segunda-feira (14) apenas as regiões de Interlagos, Pedreira e Jardim São Luiz permaneciam aguardando os reparos.
Após duas horas de manifestação um carro de manutenção chegou ao local. A Enel foi procurada, mas não respondeu até a publicação deste texto.