Por: Victor Sena
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Reformas à vista
Passado o segundo turno das eleições municipais, o governo federal apresentará propostas para conter os gastos obrigatórios.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conversou com a colunista Mônica Bergamo e afirmou que defende alguma trava para o crescimento dessas despesas.
Ele defendeu que as medidas já tomadas pelo governo, como de alta da arrecadação, mas disse que o arcabouço fiscal não funcionará se a despesa não estiver limitada.
↳ Nas palavras de Haddad, “Não tem para quem dar a batata quente. Então temos que resolver”.
Entenda: o ritmo de crescimento dos chamados gastos obrigatórios é uma das preocupações de economistas que analisam o Orçamento.
- Em 2024, eles devem representar 91% das despesas totais.
Eles aumentam a um ritmo superior ao percentual permitido para o conjunto total de gastos e, por isso, têm “espremido” as despesas livres, como investimentos em infraestrutura.
↳ O crescimento das despesas obrigatórias foi um dos responsáveis pelo congelamento das livres recentemente, que alcançou R$ 15 bilhões.
Haddad & Tebet. O ministro da Fazenda e a ministra do Planejamento têm defendido a contenção das despesas obrigatórias há meses.
Em junho, as pastas apresentaram ao presidente Lula as opções disponíveis. Entre as medidas, estão o endurecimento do pagamento do BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência.
Outras medidas em discussão são:
Cálculos divulgados pela Folha indicam que a mudança na regra de saúde e educação liberaria R$ 131 bilhões para outros gastos de custeio e investimentos até 2033.
Sim, mas... O presidente Lula e a ala política têm mostrado resistência às reformas.
Conversas. À Mônica Bergamo, Haddad disse é preciso enfrentar a questão. Assim, as pessoas enxergariam que “as somas das partes vai caber no todo”.
O ministro disse que discute com assunto com o presidente Lula, que dará o aval final para quais reformas seguir.
A agenda. Para equilibrar as contas este ano e no próximo, o ministro focou em projetos de aumento da arrecadação.
No lado das despesas, apenas medidas de combate a fraudes foram anunciadas.
↳ Memes nas redes sociais chegaram a apelidá-lo de “Taxadd” nos últimos meses.
E o IR? O controle de gastos é tratado como uma prioridade na pasta, mais do que a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000.
O presidente Lula havia reiterado essa promessa de campanha na última sexta-feira (11), mas o ministro Fernando Haddad colocou em dúvida o envio este ano da proposta nesta segunda-feira (14).
↳ Para financiar a isenção, a ideia é fortalecer a cobrança de impostos sobre quem tem renda superior a R$ 1 milhão.
Concorrente à altura de Apple e Google?
A chinesa Huawei quer concorrer com a Apple e o Google no mercado de sistemas operacionais para celulares. Nas próximas semanas, ela lançará o HarmonyOS Next, junto com o smartphone Mate 70.
↳ Diferentemente da versão anterior, o sistema não se baseia mais na estrutura do Android.
↳ O correspondente Nelson de Sá conta aqui como estão as expectativas na China.
Experiência de “super app”. O HarmonyOS Next foi construído do zero e teve sua experiência descrita em uma feira de tecnologia, em setembro, por um diretor da Huawei.
Ele afirmou que o sistema lembra aplicativos nos quais os chineses fazem de tudo, como o WeChat e o Alipay.
Concorrência difícil. O segmento de sistemas operacionais móveis é dominado basicamente pela Apple e pelo Google, segundo dados da Global Stats.
↳ O Android possui 70% do mercado global, enquanto o iOS domina 30%.
↳ No Brasil, a participação do Android chega a 82%, enquanto o iOS possui 18%.
Ainda não está claro se o sistema será exclusivo dos celulares da Huawei, como faz a Apple, ou se a estratégia será concorrer com o Android em celulares de outras fabricantes.
Caso seja restrito à Huawei, o sistema tende a impactar poucas pessoas.
A empresa está fora do Top 5 mundial de marcas de celulares.
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A Apple encerrou 2023 com 29% do mercado, a Samsung com 24%, a Xiaomi com 13%, a Oppo com 5,6%, a Vivo com 5,3%.
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A Huawei tem apenas 3,5%, mas fez lançamentos de peso.
Um analista de tecnologia ouvido pela Folha ressalta que o HarmonyOS Next não deve enfrentar problemas na China. No exterior, porém, há desafios que passam pelo convencimento aos desenvolvedores de apps.
↳ O histórico de sucesso de TikTok, AliExpress, DiDi (no Brasil, 99), Temu e Shein oferece alguma esperança.
Eólicas no prejuízo
As maiores empresas de energia eólica com operação no Nordeste estão com um prejuízo que soma R$ 1,4 bilhão na geração deste ano.
O resultado negativo levou ao congelamento de planos bilionários em investimentos.
Entenda: há vários motivos para as finanças no vermelho, a maioria deles relacionados a limitações do sistema de distribuição brasileiro.
Na prática, as empresas geradoras estão vendendo menos energia do que poderiam.
Elas responsabilizam principalmente as restrições impostas à transferência de energia a outras regiões pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Pelas regras do setor, cada gerador tem contratos para entregar um determinado volume de energia, mas ele pode ser cortado por determinação do ONS.
↳ As justificativas neste ano seriam a segurança das redes e limitações dos equipamentos.
Reclamações. A Folha teve acesso ao conteúdo de uma reunião entre executivos e representantes da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
As empresas alegam que a situação é insustentável e poderia levar a atrasos financeiros em toda a cadeia.
Os prejuízos. Há 18 anos no Brasil, a Voltalia afirma que cerca de 80% de sua potência total de 1.500 megawatts (MW) chegou a ser cortada.
Em entrevista à Folha, o presidente ressaltou que há os investimentos da Voltalia somam R$5 bilhões, mas que não mais outros empreendimentos na fila.
↳ A CPFL relatou pelo menos R$ 200 milhões em prejuízos neste ano, enquanto a EDP relatou R$ 3 milhões por semana. Engie e SPIC também fizeram queixas.
Contradições. A Associação Brasileira de Energia Eólica critica o represamento de energia no Nordeste enquanto as regiões Sul e Sudeste precisam usar usinas térmicas movidas a combustível fóssil.
Elas foram ligadas para compensar o baixo volume de água nas hidrelétricas, devido à seca recorde.
Outros motivos. Reportagem publicada pela Folha meses atrás já indicava a crise no setor, mas o motivo apontado era principalmente o excesso de energia no Brasil causado pela instalação desenfreada de painéis solares.
↳ Demissões em massa ocorrem desde o ano passado no setor eólico. Em abril, a fabricante de pás Aeris Energy demitiu mais de 1.500 funcionários por falta de encomendas.
↳ Diferentemente dos painéis solares, a maioria importados, 80% das turbinas são fabricadas aqui.
Dica de carreira
Você fica nervoso com a ideia de se apresentar em público? Ou com uma conversa importante? Veja como se comunicar bem.
A comunicação é uma das “soft skills” (habilidades socioemocionais, em português) mais requisitadas pelo mercado de trabalho atualmente.
Esse é o tema da newsletter Folha Carreiras desta semana, que traz dicas de oratória para que você se sinta mais seguro ao se comunicar.
Por onde começar? A boa comunicação tem três Cs: confiança, clareza e convencimento, de acordo com um dos especialistas ouvidos pela Folha.
↳ Para ganhar confiança, a prática é o melhor caminho. Então, agarre toda oportunidade de treinar oratória, como fazer uma pergunta em um congresso ou evento.
↳ A clareza está relacionada à escolha certa das palavras, sem ser prolixo e com vocabulário simples. Evite usar termos técnicos e desconhecidos.
↳ O convencimento está relacionado à persuasão. É a capacidade de criar vínculos com a pessoa que está ouvindo e fazer com que ela “compre” sua ideia.
Em um mundo com excesso de informação e sobrecarga mental, é essencial chamar a atenção do outro ao transmitir a mensagem. E um dos principais truques para isso é mostrar paixão e entusiasmo ao falar.
Quer mais dicas? A newsletter traz outras orientações e também indica livros para quem deseja melhorar suas habilidades de comunicação e oratória. Inscreva-se abaixo.