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O envelhecimento da população brasileira acende sinal de alerta para o aumento de casos da doença de Parkinson (DP). Uma das doenças neurodegenerativas progressivas mais comuns associada ao envelhecimento, atinge aproximadamente 2% da população mundial com idade superior a 65 anos.
Além dos fatores genéticos e ambientais, o avanço da idade é considerado o principal fator de risco para o desenvolvimento da DP. O tratamento dos sintomas motores e não-motores geralmente envolve uma combinação de medicamentos e diferentes tipos de terapias de reabilitação.
Em paralelo, uma série de tratamentos complementares utilizando plantas medicinais, produtos e moléculas naturais também tem apresentado resultados interessantes. Nesse contexto, a utilização da própolis tem despertado a atenção de médicos e cientistas.
O termo própolis é derivado do grego “pro” (defesa) e “polis” (cidade ou comunidade), ou seja, defesa da comunidade e, nesse caso específico, defesa da colmeia. Própolis é uma substância natural, secretada pelas abelhas, composta por 50% de resinas e bálsamos vegetais, 30% de ceras, 10% óleos essenciais e aromáticos, 5% de pólen e 5% de outras substâncias orgânicas.
Apesar de abelhas utilizarem a própolis para manutenção e preservação estrutural da colmeia, sua principal função está relacionada à proteção contra invasão de insetos e microrganismos predadores.
Nas últimas décadas, uma série de estudos brasileiros tem demonstrado que a própolis tem um amplo espectro de atividades biológicas devido às suas propriedades antimicrobianas, antivirais, antiparasitárias, imunomoduladoras, anti-inflamatórias e antitumorais, justificando seu uso no desenvolvimento de produtos viáveis e úteis à saúde humana.
Com relação à doença de Parkinson, estudos clínicos e experimentais têm evidenciado o papel antioxidante e anti-inflamatório da própolis no cérebro, resultando em redução do dano neuronal e na melhora dos sintomas motores e não-motores.
Dessa forma, os efeitos positivos à saúde, o baixo custo, a facilidade e a segurança do uso fazem da própolis um interessante tratamento complementar da DP.
Além da produção da própolis, as abelhas apresentam características fascinantes. Por exemplo, elas são os únicos insetos que produzem alimentos consumidos pelos humanos e são polinizadoras essenciais para a manutenção do meio ambiente.
Em condições normais, uma colmeia possui em torno de 40 mil abelhas operárias (fêmeas), até 400 zangões (machos) e uma abelha-rainha. Enquanto as abelhas-operárias são responsáveis por toda manutenção e defesa da colônia, a única função dos zangões é fecundar a rainha durante o voo nupcial
A abelha-rainha é a líder reprodutora, sendo responsável pela postura dos ovos e ordem social da colmeia. De forma impressionante, as asas das abelhas batem aproximadamente 180 vezes por segundo (zumbido que conhecemos) e voam a uma velocidade média de 25 km/h.
Uma abelha faz, em média, 40 voos diários, visita dez flores por minuto em busca de pólen e néctar e consegue transportar um peso equivalente a 300 vezes o seu. Com esse árduo trabalho, ela produz 5 gramas de mel por ano.
Infelizmente, essa maravilha da natureza está ameaçada. Muitos países têm registrado redução das colônias de abelhas. Além da degradação ambiental, o desaparecimento desses polinizadores deve-se principalmente à utilização incorreta e exagerada de agrotóxicos na agricultura. O Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos, incluindo aqueles já banidos na União Europeia.
Catastroficamente, além do fato de que o uso incorreto e excessivo de agrotóxicos ocasiona morte de abelhas, inclusive pela prática de pulverização aérea, os resíduos que permanecem nas flores também contaminam o néctar e o pólen. Dessa forma, a ingestão de produtos contaminados derivados das abelhas (mel, própolis e outros derivados naturais) também podem atingir seres humanos como consumidores finais.
Ou seja, a atividade humana no espaço geográfico é uma grande ameaça à biodiversidade do planeta, particularmente à sobrevivência da nossa espécie.
Em síntese, a própolis apresenta ação em diversos sistemas biológicos, incluindo nosso cérebro. A produção de produtos apícolas confiáveis e uma fiscalização intensa são fundamentais para que o espetacular voo das abelhas continue embelezando nossas vidas.
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