No dia 11 de outubro de 2024, a cidade de São Paulo e suas regiões adjacentes foram atingidas por uma das tempestades mais intensas registradas nos últimos anos. Com rajadas de vento que ultrapassaram os 107 km/h, o fenômeno deixou um rastro de destruição, resultando em sete mortes e afetando milhões de pessoas, principalmente pela falta de eletricidade e danos a infraestruturas. Esse episódio, porém, levanta uma questão importante sobre o preparo do Brasil para lidar com desastres naturais, especialmente quando comparado a eventos climáticos extremos como o furacão Milton, que recentemente atingiu os Estados Unidos com uma força devastadora.
O impacto da tempestade em São Paulo
A tempestade que assolou São Paulo causou estragos significativos, tanto na capital quanto nas cidades ao redor. Ventos violentos derrubaram árvores e postes de eletricidade, causando a morte de cinco pessoas devido ao desabamento de muros e duas por quedas de árvores. Além disso, mais de 1,3 milhão de residências ficaram sem energia elétrica, com muitas delas também perdendo o abastecimento de água, o que aumentou o caos no dia seguinte ao desastre.
A capital paulista, que não via ventos tão fortes desde 1995, foi severamente afetada, com danos em infraestrutura pública e privada. Prédios comerciais, residências e veículos foram destruídos, enquanto vários bairros ficaram por horas sem eletricidade. As operações de recuperação do sistema de energia, que estavam a cargo da concessionária local, enfrentaram grandes dificuldades, e muitas áreas permaneceram sem eletricidade por mais de 24 horas.
Além das mortes, o impacto psicológico e financeiro para os moradores foi imenso. Comércios ficaram inoperantes, alimentos perecíveis estragaram sem refrigeração, e a população enfrentou um verdadeiro colapso no transporte público e nas comunicações.
O furacão Milton nos Estados Unidos: um desastre com respostas estruturadas
Enquanto o Brasil enfrentava essa tempestade severa, o furacão Milton atingia a costa leste dos Estados Unidos com ventos de até 180 km/h, um nível de destruição muito mais alto. O furacão causou desabamentos, inundações e deixou milhares de pessoas desabrigadas. O número de mortos foi superior ao registrado em São Paulo, atingindo cerca de 15 vítimas fatais.
No entanto, o que mais chama a atenção nesse comparativo é a preparação e a resposta dos Estados Unidos para lidar com desastres desse porte. Mesmo enfrentando um evento climático muito mais intenso, as evacuações em massa, o preparo da população e os sistemas de alerta minimizam os danos e garantem uma resposta mais coordenada. Serviços de emergência, abrigos, e planos de contingência são acionados de forma rápida e eficaz, o que, em última análise, salva vidas e reduz o impacto das catástrofes.
O despreparo do Brasil diante de desastres naturais
Comparando a resposta de São Paulo com a dos Estados Unidos frente ao furacão Milton, fica evidente o despreparo do Brasil para lidar com eventos climáticos extremos. A falta de um sistema de alerta eficiente e a escassez de infraestrutura adequada para mitigar os efeitos de tempestades severas resultam em tragédias desnecessárias e desordem social.
Em São Paulo, os avisos meteorológicos não foram suficientes para prevenir ou alertar de forma eficaz a população sobre o risco que enfrentariam na noite de 11 de outubro. Além disso, a falta de investimentos em infraestrutura resiliente e de políticas públicas voltadas para a prevenção de desastres climáticos contribuem para que o impacto dessas tempestades seja maior do que poderia ser. A ausência de planejamento de longo prazo para lidar com enchentes e vendavais, assim como a carência de equipes treinadas para responder a esses eventos, deixa o Brasil vulnerável a tragédias evitáveis.
Nos Estados Unidos, por outro lado, os furacões são fenômenos esperados em determinadas épocas do ano, e, por isso, há uma cultura de preparação e resposta emergencial. A população está acostumada a receber alertas e a evacuar áreas de risco antes da chegada de furacões. Além disso, os órgãos de resposta a desastres nos EUA têm recursos tecnológicos e financeiros que permitem uma resposta rápida e coordenada.
A falta de políticas públicas adequadas
O cenário brasileiro em termos de prevenção de desastres naturais é alarmante. A infraestrutura urbana de muitas grandes cidades, como São Paulo, é vulnerável a tempestades, enchentes e deslizamentos de terra. A falta de planejamento urbano, com áreas de risco ocupadas de forma irregular, agrava ainda mais as consequências desses eventos.
É importante destacar que o Brasil, por estar fora da rota de furacões, não lida com fenômenos climáticos tão extremos quanto os Estados Unidos. No entanto, isso não justifica o despreparo para lidar com tempestades, chuvas intensas e outros desastres que têm se tornado cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas. O país precisa investir em infraestrutura resiliente, sistemas de alerta antecipado e políticas públicas que contemplem a proteção de áreas vulneráveis.
Comparativo dos impactos e lições a serem aprendidas
Ao analisar os números e os impactos dos dois eventos, percebe-se que, enquanto a tempestade em São Paulo foi um desastre local com consequências graves, o furacão Milton afetou uma área muito maior, causando danos mais amplos. No entanto, a resposta eficaz nos Estados Unidos foi fundamental para salvar vidas e minimizar o caos.
O que o Brasil pode aprender com a experiência americana é a necessidade de sistemas mais robustos de alerta e preparação para desastres. A criação de planos de evacuação, a disponibilização de abrigos em áreas seguras e a formação de equipes especializadas para lidar com desastres são medidas que podem fazer a diferença em eventos futuros.
Além disso, a educação da população sobre como agir em situações de emergência é crucial. Nos Estados Unidos, os cidadãos são instruídos desde cedo sobre como proceder em caso de furacões ou tornados, e isso salva vidas. No Brasil, ainda há muito a ser feito nesse sentido. A inclusão de programas de educação para desastres naturais nas escolas e a promoção de campanhas de conscientização poderiam ajudar a população a lidar melhor com esses eventos.
um chamado à ação
A tempestade que atingiu São Paulo em 11 de outubro de 2024 expôs as falhas do Brasil em lidar com eventos climáticos severos. Comparado ao furacão Milton, fica evidente que, embora o Brasil não enfrente furacões com a mesma frequência que os Estados Unidos, o país precisa urgentemente melhorar sua preparação para desastres.
Investimentos em infraestrutura, sistemas de alerta eficientes e educação da população são essenciais para que o Brasil possa enfrentar melhor os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Não é possível evitar que tempestades e outros desastres naturais aconteçam, mas é possível mitigar seus efeitos e proteger vidas. É hora de aprender com os erros e olhar para exemplos internacionais de sucesso, como os sistemas de resposta a furacões nos Estados Unidos, para construir um Brasil mais resiliente e preparado.