O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que vai falar nesta terça-feira (18) com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre o fim da guerra na Ucrânia. Concessões territoriais por Kiev e controle da usina nuclear de Zaporíjia são temas que devem ser destaque na conversa.
“Queremos ver se podemos encerrar essa guerra”, disse Trump a repórteres no Air Force One durante um voo da Flórida a Washington. “Talvez possamos, talvez não possamos, mas acho que temos uma ótima chance”, disse. “Muito trabalho foi feito durante o fim de semana.”
Trump busca o apoio de Putin para um cessar-fogo de 30 dias, já aceito pela Ucrânia na semana passada. Enquanto isso, ambos os lados seguem trocando intensos ataques aéreos. No fim de semana, a Rússia avançou na tentativa de expulsar as forças ucranianas de uma posição estratégica mantida há meses na região russa ocidental de Kursk.
Questionado sobre quais concessões estavam sendo consideradas nas negociações de cessar-fogo, Trump disse: “Vamos falar sobre terras. Vamos falar sobre usinas de energia. Já estamos falando sobre isso, dividindo certos ativos.”
Trump não deu detalhes, mas provavelmente estava se referindo à instalação de Zaporíjia —a maior usina nuclear da Europa, e ocupada pelos russos— na Ucrânia. Moscou e Kiev acusaram um ao outro de pôr em risco a segurança da usina com suas ações.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou nesta segunda-feira (17) que Putin falaria com Trump por telefone, mas se recusou a comentar as declarações do presidente americano sobre terras e usinas de energia.
O Kremlin disse na sexta que Putin enviou a Trump uma mensagem sobre seu plano de cessar-fogo por meio do enviado dos EUA, Steve Witkoff, que manteve conversas em Moscou, expressando “otimismo cauteloso” de que um acordo poderia ser alcançado para encerrar o conflito de três anos.
Em entrevistas separadas na TV dos EUA no domingo, Witkoff, o secretário de Estado, Marco Rubio, e o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Mike Waltz, disseram que ainda há desafios a serem superados antes que a Rússia aceite um cessar-fogo — e mais ainda para se chegar a uma solução definitiva para a guerra.
Indagado na ABC se os EUA aceitariam um acordo de paz no qual a Rússia fosse autorizada a manter o território ucraniano que tomou, Waltz respondeu: “Temos que nos perguntar, isso está em nosso interesse nacional? É realista? Vamos expulsar todos os russos de cada centímetro de solo ucraniano?”
“Podemos falar sobre o que é certo ou errado, mas também temos que falar sobre a realidade da situação no terreno”, disse ele, acrescentando que a alternativa para encontrar compromissos sobre terras e outras questões era uma “guerra interminável” e até a Terceira Guerra Mundial.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse na sexta (14) que via uma boa chance de encerrar a guerra russa depois que Kiev aceitou a proposta dos EUA de um cessar-fogo intermediário de 30 dias.
No entanto, Zelenski tem dito reiteradamente que a soberania de seu país não está em negociação e que a Rússia deve devolver o território que tomou. Moscou anexou a península da Crimeia em 2014 e agora controla a maior parte de quatro regiões do leste da Ucrânia desde que invadiu o país em 2022.
Moscou quer garantias sólidas de que a Ucrânia não entrará na Otan e que permaneça neutra, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Grushko, ao jornal russo “Izvestia” nesta segunda. No entanto, ele não mencionou a proposta de cessar-fogo.
Putin diz que suas ações na Ucrânia visam proteger a segurança nacional da Rússia. A Ucrânia e seus parceiros ocidentais afirmam que Moscou está travando guerra de agressão e uma tomada de terras de estilo imperial.
A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, disse nesta segunda que as condições exigidas pela Rússia para concordar com um cessar-fogo mostraram que Moscou não quer realmente a paz.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse no sábado que os aliados ocidentais, além dos EUA, estavam intensificando os preparativos para apoiar a Ucrânia no caso de um cessar-fogo com a Rússia, com chefes de defesa prontos para firmar “planos robustos” na próxima semana.
Reino Unido e França afirmaram que estão dispostos a enviar uma missão para monitorar um eventual cessar-fogo na Ucrânia. A Rússia, porém, rejeitou qualquer presença internacional até o fim da guerra.