irmãos abrem trinca de shows em SP com plateia de 49 mil pessoas e ‘surpresa’ para paulistanos

Ainda em São Pauloa dupla apresenta-se neste domingo e no dia 18 de dezembro no mesmo estádio. Há pouquíssimos ingressos, em setores limitados, para as duas apresentações no site da ticketmaster.

• Como foi no Rio: em ‘Caetano & Bethânia’, cantores dão ao grande público tudo o que ele quer

Na plateia, 49 mil pessoas acompanharam os irmãos — que vestiam bonitos conjuntos de veludo — enumerar sucessos, caso de “Gente”(com forte louvação ao trecho “gente é pra bilhar e não pra morrer de fome”), “Oração ao tempo” “Motriz” e um “Objeto não identificado”, conforme já havia ocorrido em outras capitais. A cumplicidade dos cantores, que cantam lado a lado com microfones em longos pedestais, ocorria em momentos breves, de sorrisos e trocas de olhares. Bethânia, por exemplo, assistiu sentada e vibrava (como o público) quando o irmão desafiava os versos de “Tropicália”. Ele, por sua vez, foi espectador quando a irmã passou por “Marginália II” — de do poeta Torquato Neto (1944-1972) e Gilberto Gil, amplamente homenageado no show, inclusive com a faixa “Filhos de Gandhi”.

A essa altura, Caetano já havia sintetizado a emoção do público que esperou quatro meses desde a estreia da turnê para, enfim, ver a dupla em São Paulo.

— Demoramos, mas chegamos São Paulo amada — disse Caetano, em uma das poucas interações faladas com a plateia, que recebeu inúmeros sorrisos e piscadelas dos irmãos ao longo das 2h30 de apresentação.

Cumprindo o esperado, a apresentação também abarcou bonitos momentos em que cada um dos cantores ocupou o palco individualmente. Para Caetano, “Sozinho”, composta por Peninha, foi um dos pontos altos, com entrega da plateia que respondeu efusivamente à questão da letra: “Onde está você agora”. E muitos gritavam: “aqui!!!!!”. Para Bethânia, catalisou muita emoção a versão feita da música “As canções que você fez pra mim”, de Roberto e Erasmo Carlos (1941-2022). A certa altura, ela fez a movimentação teatral de erguer os longos cabelos prateados com as duas mãos, para emoção (e gritos) do público que se entregou na cantoria.

Em uma gangorra entre canções mais apaixonadas, engajadas ou dançantes, a dupla ainda passou por uma homenagem à Mangueira e celebraram Gal Costa (1945-2022), com versões de “Baby” e “Vaca Profana”. O fim já podia ser sentido quando a já clássica “Reconvexo” ganhou vez, seguida pela versão de “Fé”, da cantora Iza, que os irmãos lançaram na última semana em serviços de streaming. Houve espaço para bastante repetição e celebração do forte trecho “fé para enfrentar esses filha da puta”.

Antes de deixar o palco, a dupla fez uma “surpresa” aos fãs paulistanos e deu uma palhinha de “Sampa”, de 1978, que elevou o trivial cruzamento da Avenida Ipiranga com a São João, no centro, a virar ponto notável da metrópole. Desde o show de Belém, os cantores tem apostado em canções temáticas sobre as cidades que passam. Em São Paulo, a escolha de “Sampa” foi “um segredo tão incrivelmente secreto que todo mundo já sabe”, brincou Caetano em vídeo postado no Instagram.

A plateia respondeu à altura quando aplaudiu o trecho “ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução”, em homenagem à cantora morta em maio de 2023. Seu companheiro de longa data Roberto de Carvalho, inclusive, assistiu ao show diretamente do estádio, conforme postou em suas redes sociais.