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09/05/2025

Veteranos do metal rejuvenescem plateia do Monsters – 20/04/2025 – Ilustrada

Thales de Menezes

Encontrar jovens na plateia do Allianz Parque durante o festival Monsters of Rock, no sábado (19), não era uma tarefa muito fácil. Mas impossível mesmo era achar um jovem no palco. Das sete bandas escaladas para a oitava edição do evento no Brasil, a mais nova é a Opeth, formada na Suécia em 1990. A atração principal, o grupo alemão Scorpions, começou a carreira em 1965.

O mais surpreendente é que, depois de sete shows em cerca de 13 horas, quem acabou de presenciar aquilo estava encharcado de rebeldia adolescente.

Monsters of Rock é uma franquia inglesa que dá nome a vários festivais pelo mundo. Esta nova edição no Brasil foi anunciada como comemoração dos 30 anos da marca no país. Na verdade, 31 anos. O primeiro festival por aqui foi em 1994, e com uma escalação de impacto: Kiss, Slayer e Black Sabbath estavam no line-up. Nomes que, naquela época, habitavam o panteão do heavy metal ao lado das duas principais atrações do Monsters 2025: Judas Priest e Scorpions.

O Judas Priest entrou no palco pouco antes das 19h e mostrou que veio mais uma vez ao Brasil para confirmar porque é um dos criadores desse mundo chamado rock pesado. Com seu guarda-roupa old school, de couro e adereços metálicos, o grupo fez uma apresentação de hits, dando pouco espaço para as músicas do último álbum, “Invincible Shield”.

“Breaking the Law”, “Painkiller”, “Hell Bent for Leather” e “Living after Midnight” foram reconhecidas pelos fãs depois de dois acordes. Como o AC/DC, o Judas Priest faz o mesmo show há décadas, e é o que seus seguidores esperam. Com a incrível movimentação de Rob Halford no palco. A voz segue forte, aos 73 anos, e ele cumpre, no bis, o ritual de entrar no palco em cima de uma moto. Um hábito de mais de cinco décadas.

Fechando a noite, o Scorpions começou seu show às 21h30 e escreveu mais um capítulo em sua relação forte com os brasileiros. Além de muitas turnês pelo país, o vocalista Klaus Meine, aos 76 anos, lembrou que a banda estreou por aqui no primeiro Rock in Rio, em 1985: “Estamos há 40 anos com vocês!”

Quando o guitarrista Rudolf Schenker, 76, formou a banda, o heavy metal ainda não existia, O grupo foi deixando seu rock and roll original cada vez mais pesado, mas sem nunca perder um lado pop. Indo de baladas tranquilas a rocks acelerados, o Scorpions foi durante décadas um favorito dos programadores das rádios de FM no Brasil. Principalmente com a balada “Still Loving You”, que há tempos a banda costuma desprezar nos shows, mas desta vez tocou para os paulistanos.

O ponto alto dos alemães no Allianz, como já era esperado, veio com suas músicas mais populares, concentradas no álbum que é a obra-prima da banda, “Love at First Sting” (1984), como “Rock You Like a Hurricane”, “I’m Leaving You” e “Big City Nights”. Todas com a plateia criando um karaokê gigante.

Pena o show do Scorpions ter recebido a chuva que durante todo o dia caiu em doses homeopáticas. Não foi um aguaceiro, mas o suficiente para fazer uma parte do público ir embora no meio da apresentação.

Se o encerramento foi presenciado por uma plateia que por pouco não esgotou os costumeiros 40 mil ingressos para shows no Allianz, desde a manhã as atrações iniciais cumpriram o roteiro previsto para elas. O estádio estava ainda vazio quando os finlandeses do Stratovarius abriram os trabalhos, antes do meio-dia. Na estrada desde 1984, o grupo mostrou seu metal progressivo com alguns momentos bem virtuosos. Ao lado das antigas, as músicas do álbum mais recente, “Survive” (2022), foram bem encaixadas no setlist.

Em seguida, o sueco Opeth também deu tons progressivos ao som pesado. Tanto suecos quanto finlandeses viveram a situação típica de grupos escalados para abrir o dia em um grande festival. A plateia ainda é muito pequena, o que não é bom, mas, em compensação, quem chega para ver esses shows horas e horas antes das atrações principais é justamente quem se interessa por essas bandas.

Stratovarius e Opeth tocaram numa zona de conforto, com apoio que vinha dos fãs colados ao palco ou espalhados pelas arquibancadas.

Já o americano Queensrÿche, que tocou já para o estádio com muito mais público, carrega uma história muito diferente. Na virada dos anos 1990, o grupo lançou um álbum que conquistou o planeta, “Empire”, puxado pela balada metálica “Silent Lucidity”. É uma espécie de “Stairway to Heaven” para a banda. Mas o tempo passou, o bom vocalista Geoff Tate deixou o time faz tempo, e o Queensrÿche parece uma banda cover, uma cópia do que já foi. E nem tocou seu maior hit.

Depois, o show mais estranho do festival. O Savatage, grupo americano formado em 1979, é o que se pode chamar de power metal. E teve uma carreira bem bacana. Mas estava sem fazer shows desde 2015. Quebrou o jejum em São Paulo, mas o único integrante ainda vivo da formação original, o vocalista e tecladista Jon Oliva, não veio, por problema de saúde. Apenas apareceu uns instantes no telão, interagindo com o grupo. Então foi realmente uma banda cover, só para os fãs radicais.

E, para completar, os suecos do Europe fizeram um show com nada de original, apesar do entusiasmo do vocalista Joey Tempest. Na verdade, o grupo tem apenas dois hits, ambos do álbum “The Final Countdown”, de 1986: a canção que dá título ao disco, épica e pomposa, e “Carrie”, balada melosa. O show do grupo foi um bom momento para comprar cerveja antes de Judas Priest e Scorpions. Mas, claro, voltando do bar a tempo do encerramento estrondoso com o hino “The Final Countdown”.



Fonte: Folha UOL

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