O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou, em julho de 2025, a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), onde o país mantinha status de observador desde 2021. A decisão, confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel em 24 de julho, ainda não foi oficialmente comentada pelo Itamaraty.
A saída ocorre em um momento de atritos crescentes com Israel, intensificados pelo apoio brasileiro, anunciado em 23 de julho de 2025, à ação da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que acusa Israel de genocídio contra palestinos em Gaza. A postura foi duramente criticada pelo governo israelense, que a classificou como uma “falha moral grave”, acusando o Brasil de desrespeitar a memória do Holocausto.
O episódio se insere em um histórico de tensões. Em fevereiro de 2024, Lula comparou as operações militares de Israel em Gaza ao Holocausto, provocando uma crise diplomática. Como resultado, o governo israelense declarou Lula persona non grata, uma medida que simboliza a rejeição formal à presença do presidente em Israel. A declaração veio após as críticas de Lula às ações militares em Gaza, que ele classificou como desproporcionais e desumanas, no contexto de um conflito que já deixou milhares de vítimas civis.
No Brasil, a saída da IHRA dividiu opiniões. Representantes da comunidade judaica expressaram preocupação com o impacto no combate ao antissemitismo, enquanto defensores da causa palestina celebraram a decisão como um gesto de solidariedade. A política externa de Lula, marcada por uma postura crítica a Israel e alinhamento com o Sul Global, reforça a busca por autonomia em temas internacionais sensíveis.