Caracas, 28 de julho de 2025 – Uma recente declaração atribuída ao Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em postagens na plataforma X, reacendeu o debate sobre a legitimidade do governo de Nicolás Maduro na Venezuela. Segundo as postagens, Rubio teria afirmado que “Maduro não é o presidente da Venezuela e seu regime não é o governo legítimo”, descrevendo-o como líder do Cartel de Los Soles, uma suposta organização narcoterrorista que teria tomado o controle do país.
A declaração, ainda não oficialmente confirmada pelo Departamento de Estado, reflete a posição de longa data dos EUA, que não reconhecem Maduro como presidente desde 2019, após as controversas eleições de 2018.
As Acusações Contra Maduro e o Cartel de Los Soles
Em julho de 2025, o Departamento do Tesouro dos EUA classificou o Cartel de Los Soles como uma organização terrorista global, acusando Maduro e altos oficiais venezuelanos de liderarem operações de tráfico de drogas em colaboração com grupos como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa.
Segundo as autoridades americanas, o cartel utiliza instituições estatais venezuelanas, incluindo portos e rotas aéreas, para facilitar o envio de cocaína aos Estados Unidos, com o objetivo de desestabilizar o país. Desde março de 2020, o Departamento de Justiça dos EUA mantém um indiciamento contra Maduro e outros oficiais por narcoterrorismo, lavagem de dinheiro e corrupção, oferecendo uma recompensa de até US$ 25 milhões por informações que levem à sua captura.As acusações descrevem o Cartel de Los Soles como uma rede que opera desde os anos 1990, composta por militares, políticos e criminosos que exploram a posição estratégica da Venezuela para o tráfico internacional de drogas. No entanto, especialistas apontam que o cartel não possui uma estrutura hierárquica clara, funcionando como uma rede fluida de atores estatais e não estatais, o que dificulta a comprovação direta da liderança de Maduro.
A Resposta da Venezuela
O governo venezuelano, liderado por Maduro, rejeita categoricamente as acusações, classificando-as como uma campanha de difamação orquestrada pelos Estados Unidos para justificar sanções econômicas e uma possível intervenção no país. Em comunicados oficiais, Caracas alega que as denúncias carecem de evidências públicas concretas e fazem parte de uma estratégia para deslegitimar o governo bolivariano, que enfrenta uma grave crise econômica e política há anos.
Maduro já declarou em discursos que as sanções americanas agravaram as dificuldades enfrentadas pela população venezuelana, enquanto seus apoiadores argumentam que o país é alvo de uma “guerra híbrida” liderada pelos EUA.
Contexto Político e Reações Internacionais.
A controvérsia ocorre em um momento de tensão geopolítica. Desde 2019, os Estados Unidos e diversos países, incluindo membros da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos (OEA), reconhecem Juan Guaidó ou outras figuras da oposição como líderes legítimos da Venezuela, embora Guaidó tenha perdido relevância nos últimos anos.
Por outro lado, nações como Rússia, China e Cuba continuam a apoiar Maduro, considerando-o o presidente constitucional do país. Analistas destacam que as acusações contra o Cartel de Los Soles, embora graves, enfrentam críticas pela falta de transparência nas evidências apresentadas. “As denúncias dos EUA são sérias, mas a ausência de provas públicas detalhadas alimenta a narrativa de que há motivações políticas por trás das acusações”, afirma Maria López, especialista em relações internacionais da Universidade Central da Venezuela. Ela aponta que a designação do cartel como organização terrorista pode intensificar sanções, mas também complicar negociações diplomáticas.
Impacto na Venezuela e no Cenário Regional
A crise política na Venezuela, agravada por sanções econômicas e pela pandemia, resultou em uma das maiores crises humanitárias da América Latina, com milhões de venezuelanos migrando para países vizinhos. As acusações contra Maduro e o Cartel de Los Soles também têm implicações regionais, com países como Colômbia e Brasil expressando preocupação com o impacto do tráfico de drogas e da violência transfronteiriça.
Enquanto isso, postagens no X refletem a polarização em torno do tema, com alguns usuários apoiando a narrativa dos EUA e outros denunciando o que chamam de “imperialismo”. A falta de consenso internacional e a complexidade das acusações sugerem que a questão permanecerá no centro do debate global.
