Gabriel Vaquer
Aracaju
Praticamente extinta nas emissoras comerciais, a programação infantil encontrou um porto seguro na TV Brasil, o canal público mantido pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação). É nela a maior aposta do edital que prevê o investimento de R$ 110 milhões para a produção de conteúdo original para a emissora.
São R$ 30 milhões destinados a atrações infantis e infantojuvenis, o maior investimento previsto no documento. A primeira novela do canal público, projeto que chamou a atenção pelo ineditismo quando o edital foi lançado, no ano passado, terá metade desde orçamento (R$ 15 milhões).
“Nós temos seis horas de programação para a primeira infância e infantojuvenil. É um dos picos da nossa audiência”, explica Antonia Pellegrino, diretora de conteúdo e programação da EBC. “É o maior tempo dedicado para um público na nossa programação. E assim continuará sendo.”
O edital, lançado em parceria com o Ministério da Cultura, com a Ancine (Agência Nacional do Cinema) e com o FSA (Fundo Setorial do Audiovisual, segue aberto até o dia 5 de maio. Ao todo, são sete linhas de projetos, com temas e formatos definidos a partir de um estudo da grade de programação da TV Brasil, entre elas futebol feminino, natureza, cultura e filmes.
Pellegrino afirma que, antes, o valor que será empregado na compra desses projetos audiovisuais era usado para o licenciamento de produtos estrangeiros. Segundo ela, um “volume grande de dinheiro” era usado pela EBC para licenciar novelas, por exemplo.
“Existe um campo relevante do setor audiovisual que se organizou e não tem mais demanda, por causa da queda de investimento do streaming. Então, pensamos em usar o dinheiro da compra de novelas estrangeiras para investir no nosso”, diz. “A cada R$ 1 real investido, R$ 4 voltam para o país.”
A ideia é também que as obras sejam de diferentes partes do país. Para isso, o edital define que 40% das obras devem vir das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste e outros 20% da região Sul ou dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
“A comunicação pública tem como pilar o regionalismo. Somos obrigados por lei a exibir 5% de conteúdo regionais”, lembra Pellegrino. “Isso é uma maneira de garantir que a TV pública exiba outros sotaques e outras realidades.”
Não há uma data para o anúncio dos vencedores do edital, mas a previsão é de que isso ocorra ainda neste ano.