Quase uma semana após o pior apagão de sua história, a ministra da Espanha para a Transição Ecológica, Sara Aagesen, disse neste domingo (4) que as autoridades ainda precisarão de tempo para descobrir as causas do incidente que paralisou o país na última segunda-feira (28).
“Estamos falando de muitos dias”, disse ela em entrevista publicada no jornal El País. Segundo a ministra, “todas as hipóteses estão abertas”, inclusive a de um ciberataque.
Quanto ao papel que as energias renováveis podem ter desempenhado no apagão, uma das hipóteses levantadas nos últimos dias, a ministra admitiu a possibilidade de uma anomalia em instalações fotovoltaicas do sudoeste do país, como já havia mencionado o operador espanhol da rede elétrica (REE).
Ainda segundo o jornal El Pais, autoridades já tinham feito alertas para a possibilidade de um apagão generalizado. Há dois meses, a REE avisou investidores sobre o risco de interrupções graves com o aumento de energias renováveis. Na ocasião, a empresa argumentou que o fechamento de usinas convencionais, que utilizam carvão, implicaria em menor resiliência do sistema diante de imprevistos.
“Até hoje não sabemos quais instalações de geração foram as que deixaram de estar no sistema”, disse Aagesen. “Falar de [energia] solar fotovoltaica pode ser precipitado, embora no mapa se possam ver as diferentes tecnologias de geração de cada zona. E há muita solar fotovoltaica no sudoeste da Espanha.”
A ministra também reiterou que as energias renováveis “não são inseguras” e que é simplista apontá-las agora como a origem do incidente.
Após o grande apagão, vários especialistas apontam como causa do incidente o desequilíbrio entre a produção e a demanda de eletricidade, mais difícil de corrigir sem tecnologias adequadas em uma rede na qual pesam mais a eólica e a solar.
“As renováveis estão dando a possibilidade à Espanha de alcançar uma independência energética muito importante em um mundo vulnerável geopoliticamente. Ter sua energia própria é fundamental”, disse a ministra.
A melhoria das interconexões com os países vizinhos, como a França, também poderia contribuir para a estabilidade da rede, segundo os especialistas.
