O empresário Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro, afirmou à Justiça passar por “grave dificuldade financeira” e que não tem condições de pagar as custas judiciais para se defender em um processo movido pela Rede Globo sem gerar prejuízos para a sua própria subsistência.
A declaração foi dada em uma ação na qual a emissora cobra do empresário uma dívida de R$ 148,3 milhões. Custas judiciais são as taxas pagas ao Estado para custear os serviços de tramitação de um processo judicial. Para apelar de uma sentença, por exemplo, é necessário geralmente depositar uma taxa de 4% sobre o valor da causa.
Nunes disse à Justiça sofrer inúmeras cobranças judiciais. Afirmou não ter movimentação bancária e tampouco utilizar cartão de crédito, dada a sua situação de insuficiência financeira. Ele pediu que lhe fosse concedido o benefício da Justiça gratuita, dado pelo Judiciário para pessoas em situação de pobreza.
O desembargador José Wilson Gonçalves não atendeu ao pedido.
“[Nunes] não demonstrou a alegada incapacidade de arcar com as despesas processuais”, escreveu o magistrado na decisão.
“Além de não ter apresentado os documentos exigidos, sua declaração de imposto de renda de 2024 revela que é empresário e possui diversos bens em seu nome”, disse.
Nunes, que já recorreu da decisão, informou na ação que seu patrimônio é “ínfimo na comparação com o montante de dívidas acumuladas”.
O empresário foi, de acordo com o processo, avalista de sete notas promissórias dadas pela Ricardo Eletro à Globo em 2017.
Desde então várias medidas foram determinadas pela Justiça a fim de atingir o patrimônio de Nunes, mas pouquíssimos bens foram encontrados. Não alcançaram, segundo a ação, nem 0,1% da dívida.
A Globo disse à Justiça que Nunes, que hoje atua como coach, “oculta” seu patrimônio. A pedido da emissora, em fevereiro, o juiz Carlos Aguemi deferiu a penhora de 30% dos valores a serem pagos pelas empresas Ivox Marketing Direto e ABN Coaching a Nunes por conta de seus trabalhos como coach.
Segundo o processo, a Ivox organiza os eventos de Nunes. Já ABN, que é acionista da Ivox, seria de propriedade de Adriana Batista Nunes, esposa do empresário.
Ricardo Nunes nega ser devedor. Afirma não ter qualquer vínculo ou obrigação com a gestão de decisões financeiras da Ricardo Eletro desde que saiu da Máquina de Vendas, controladora da Ricardo Eletro, em 2018, quando o grupo passou a ser gerido por um fundo de investimento.
Com Stéfanie Rigamonti
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