Por: Henrique Santana
Em 2020, o então governador de São Paulo, João Doria, havia aberto fogo contra seu antigo aliado, Jair Bolsonaro, e tentava se viabilizar como alternativa ao presidente nas eleições de 2022.
Na busca de apoios do MDB paulista, o tucano sugeriu uma dobradinha: o partido se aliaria a ele na disputa presidencial e, em troca, o PSDB cederia cargos para os emedebistas na Prefeitura de Bruno Covas, que tentava se reeleger ao comando da capital paulista.
Em âmbito nacional, a empreitada de Dória foi mal sucedida, mas a aliança funcionou na disputa municipal. Após articulações entre os partidos que compunham a coligação, o MDB conquistou o cargo de vice na chapa e emplacou um azarão até então pouco cotado nas bolsas de apostas: o empresário e vereador Ricardo Nunes.
Com menos de 10 anos na política e sem muita projeção em São Paulo, Nunes ganhou alguma visibilidade ao presidir uma CPI na Câmara Municipal sobre sonegação de impostos em 2018.
Antes, em 2015, ele também virou notícia ao se tornar uma das vozes mais eloquentes do Legislativo paulistano na ofensiva de grupos conservadores contra a discussão de pautas de gênero nas escolas.
Apesar de não ser a primeira opção dos tucanos, o perfil de Nunes agradava Bruno Covas. O prefeito vinha acenando a setores progressistas com críticas à gestão Bolsonaro e procurava um nome que funcionasse como contraponto para atrair eleitores mais conservadores.
Já para o MDB, a barganha política tinha tudo para se mostrar lucrativa.
Àquela altura, já era de conhecimento público que Covas lutava contra um câncer no aparelho digestivo, e as especulações sobre um possível afastamento do prefeito para realizar tratamentos pairavam sobre a campanha.
O cargo de vice na chapa estava longe de ser apenas figurativo.
Com a morte de Covas, em 2021, Nunes, até então com apenas dois mandatos como vereador em seu currículo, foi catapultado ao comando da capital paulista e, agora, tenta renovar seu mandato.
Para isso, ele realizou uma injeção de investimentos em obras de infraestrutura que se espalharam pela cidade e construiu uma ampla coligação de 12 partidos, que garantiu ao pouco conhecido prefeito longas exposições na propaganda de rádio e TV.
Mas quem é o candidato do MDB à Prefeitura de São Paulo? Como ele chegou até aqui? E de que forma um vereador de pouca projeção se tornou, em poucos anos, prefeito da capital e no páreo à reeleição?
