Por: Bernardo Caram
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, colocou em dúvida nesta segunda-feira (14) o envio ainda neste ano de uma proposta de reforma do Imposto de Renda ao Congresso Nacional, afirmando não saber se será possível encaminhar o projeto até dezembro.
Em participação no evento Macro Day, do Itaú BBA, Haddad afirmou que é preciso garantir que a reforma do IR será neutra em termos de alíquota e acrescentou que os estudos sobre este tema demandam mais tempo e não podem ser realizados em poucas semanas.
No mesmo evento, o ministro também afirmou que o governo pode rever mais uma vez a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2024, que já havia subido em setembro de 2,3% para 3,2%.
“Talvez a gente tenha que rever mais uma vez o PIB deste ano”, disse Haddad, que apontou que a inflação deste ano pode ficar dentro da banda de tolerância da meta, apesar de o que chamou de choques recentes.
“A inflação, mesmo com o choque de oferta importante por falta d’água, que impacta produção de alimentos e energia elétrica, o desastre que aconteceu no Rio Grande do Sul, mesmo com esses choques todos… há alguma perspectiva de a inflação ficar dentro do teto”, afirmou o ministro.
Para ele, se o governo tiver a inteligência de calibrar e restringir despesas públicas e garantir receitas, o país terá capacidade de crescer de forma sustentada.
No evento, o ministro classificou como “irracional” o fato de o Tesouro Nacional estar pagando uma taxa real de 6,5% a 7% para remunerar investidores que aplicam nos títulos da dívida pública.
Ele argumentou que o país está com um déficit fiscal muito menor do que antes, retirando impulso fiscal da economia, e tem uma inflação “relativamente comportada”.
Apesar da avaliação, Haddad ponderou que as compensações oferecidas pelo Senado para a desoneração da folha de empresas não serão suficientes para atender à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e, por isso, será necessário fazer um debate com o Congresso sobre o tema até o fim do ano.
Na avaliação do ministro, o governo tem todas as razões para imaginar que o país terá “boas surpresas” a partir do ano que vem, defendendo que poderá alcançar o grau de investimento se defender a arquitetura do arcabouço fiscal