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Como o autocuidado pode ajudar a lidar com envelhecimento – 15/10/2024 – Equilíbrio



Por: Marisa Meltzer

“Embora eu não ame minhas rugas e flacidez, eu as abraço como parte de uma vida bem vivida”, afirma Evelyn Block, 76. E não é só isso que ela abraçou. Com cabelos tingidos de azul, Block tem como hobby de aposentadoria ser árbitra de patinação entre equipes, no sul da Califórnia (EUA).

“Stevie Fleet Wheels (algo com Stevie das rodas da frota) é meu nome no jogo”, diz. “Sou uma grande fã de Stevie Nicks, cantora e vocalista da banda Fleetwood Mac, há mais de 50 anos. Ela é seis semanas mais nova que eu. Enquanto Stevie puder subir no palco, eu ainda posso andar de patins.”

O autocuidado é um conceito associado principalmente à juventude, talvez em parte porque os anunciantes de marcas de beleza veem esse grupo como o mercado primário. Mas o bem-estar é tão importante, talvez mais ainda, aos 75 do que aos 25.

Em um questionário, o The New York Times perguntou a mais de 3.000 leitores como suas rotinas de autocuidado evoluíram conforme eles envelheceram.

A desconexão de Block sobre o que viu no espelho foi compartilhada por muitos leitores, que disseram que, embora se sintam mais jovens, o reflexo geralmente mostra alguém muito mais velho, ou até mesmo um rosto que lembra os mais velhos.

Muitos leitores falaram sobre se sentirem invisíveis à medida que envelheciam. Para alguns, era como se o mundo estivesse os ignorando.

Outros viram essa mesma invisibilidade como algo positivo e que permite com que eles possam usar o que quiserem e encontrar alívio em se sentirem menos julgados.

O corpo em mudança é um pensamento presente. Mesmo pessoas que disseram que o objetivo principal era manter as mentes afiadas, ainda mencionaram que durante o processo de envelhecimento os tamanhos corporais mudaram.

As rotinas foram classificadas como importantes, seja dormir oito horas, malhar regularmente ou apenas tomar um banho quente todas as manhãs. Também foi registrado amplo interesse em cuidados com a pele e produtos de beleza —algo que alguns entrevistados lamentavam, independentemente de usarem produtos antienvelhecimento, ou não.

“Pela primeira vez na minha vida, também estou seguindo uma rotina regular de cuidados com a pele”, diz Michael S. Russo, 60, de Nova York. “Como homem, nunca pensei que isso fosse importante, mas realmente é. Você não quer que seu rosto pareça uma velha bolsa de couro.”

Alguns discutiram sobre a importância de cuidar de si mesmos para poder cuidar dos outros ou não querer ser um fardo para as famílias.

“Para mim, autocuidado significa assumir a responsabilidade de ainda estar no planeta sem pedir que outras pessoas sejam responsáveis por mim“, afirma Malinda Hatch, 82, que mora nos arredores de Baltimore.

Abaixo estão os pensamentos e atividades de alguns dos entrevistados.

Patinação

Evelyn Block, 76

Minha antiga cabeleireira não pintava meu cabelo. Fui em uma nova e disse: “E quanto à cor?”, e ela disse: “Vamos tentar”. Faço retoques uma vez por mês. Recebo elogios o tempo todo de pessoas idosas. As crianças do derby júnior de patinação ficaram muito empolgadas. Normalmente, vou para casa a pé, a um quilômetro do salão. Uma vez, uma pessoas se inclinou e disse: “Adoro seu cabelo”.

Tivemos um torneio de roller derby no último sábado e eu caí duas vezes. Minhas pernas saíram de baixo de mim. Você aprende a cair da maneira correta, a puxar os joelhos e a cabeça para o peito e os cotovelos para dentro. Você se dobra em uma bola.

Meu treinador me faz fazer malabarismos com lenços para melhorar minha coordenação motora. Eu o vejo há sete anos depois que rompi o músculo do glúteo ao sair de um aparelho de pilates. Fazemos exercícios para os olhos, treinamento de força e resistência. Se eu não estivesse fazendo o que estou fazendo, não conseguiria continuar andando de patins.

Balé

Giannella Garrett, 71

Eu faço duas aulas de ponta por semana. É uma das coisas mais difíceis que já fiz. Com o avanço da idade, vejo o fim da linha —talvez não da vida, mas das habilidades físicas.

Comecei o balé adulta, não quando criança porque minha mãe me fez ter aulas de piano. Nunca me canso disso. Um dia sem balé não é o dia mais feliz para mim. Vejo quatro professores diferentes ao longo da semana. O que me traz alegria logo de manhã é ver de qual aula estou participando.

Uma vez eu tive um namorado que perguntou: “Quando você vai terminar o balé? Quando você se forma?” e eu disse: “Nunca”.

Meditação

Shailendra Jain, 68

Passei a vida inteira tentando me conformar. Antes de morrer, quero me sentir livre, romper as barreiras autoimpostas. Cresci em uma família grande em Déli e a conformidade era a norma. As regras eram extensas e qualquer violação seria recebida com algumas consequências: uma surra física ou crítica aberta. Isso foi construído em mim.

Como parte da minha liberdade, me afastei da religião. Meditação, no entanto, é sobre ir para dentro de mim. Eu foco na consciência de um eu superior. A cada dia, eu me torno mais consciente de diferentes sensações no meu corpo.

Jardinagem e pintura

Malinda Hatch, 82

Trabalhei como paisagista e consultora de horticultura. Faço jardinagem desde a infância. Minha terra é toda de pedra e solo duro, e estou descobrindo como ter um jardim aqui. Conversamos sobre cercar um espaço e transformar um deck em uma estufa para vegetais. Sinto que as plantas não vão crescer para todos. Eles sabem que existe essa estranha simbiose e recompensam por isso.

Todos os dias, eu pinto, é como um ritual. Fico na minha pequena sala de arte por pelo menos uma hora e meia. Costumo pintar retratos ou cenas da minha família ou de um bom amigo se estou com saudades de alguém. Sou gêmea e perdi minha irmã em 2018. Eu a pinto em um espaço imaginário em que acho que ela seria feliz. Também desenho a minha mãe, que viveu até os 94 anos. Às vezes, eu nos pinto juntas.

Vejo minha família diariamente. [Hatch mora com a família em um complexo que compraram juntos] Comemos juntos. Tentamos aproveitar um ao outro e não atrapalhar um ao outro. Todos nós cozinhamos, o que é um problema com uma cozinha e uma geladeira. Estamos tentando nos conhecer.

Vida independente

Nancy Gabriel, 98

Meu cachorro se chama Jake. Eu o adotei ainda filhote, alguns meses depois que meu marido morreu. Ele faz parte da minha rotina diária. Conforme ele envelhece —hoje tem 12 anos— continua brincalhão, mas também vai para seu cantinho e tira mais sonecas. Eu continuo esperando que ele esteja por perto e fique bem. Como eu também estou envelhecendo, entendo o processo. É muito parecido.

Iogurte costuma ser meu almoço quando estou em casa, e fico nela mais que tudo. Viajo quase todo ano para visitar a Grécia. Isso é uma constante. Neste ano, fui em maio com meu neto e minha nora e seus dois filhos. Sempre que planejam uma viagem, eles ligam e me dizem para me preparar.

Eu sempre alimentei pássaros que visitam meu quintal. Gosto de vê-los chegar ao comedouro. Esquilos esperam pelas sementes que caem no chão. Meu filho acabou de me dar um comedouro com uma câmera acoplada. No geral, sou uma pessoa de 98 anos muito sortuda.

Exercício e oração

Trent Lighth, 65

Sou um ex-atleta. Tenho uma deficiência na parte inferior das costas, perdi massa muscular e não consigo andar muito. Uso uma bengala e deixo uma extra no carro, mas meu objetivo é parar de usá-la. Meu treinamento é focado na parte inferior do corpo, mas faço exercícios para a parte superior do corpo às segundas e quintas-feiras. Às vezes, vou nadar aos fins de semana. Meu treinamento com kettlebell começou com 15 kg, depois 18, agora 22 kg. Percebi uma melhora tremenda desde que comecei, em junho.

A morte da minha mãe, em 2014, e o divórcio no ano anterior me levaram a buscar uma religião organizada. Comecei a frequentar diferentes igrejas, de batista a metodista, e depois fui à mesquita para aprender sobre o islamismo. Fiz um curso e, em um mês, achei que essa era a adequada para mim.



Fonte: Estadão

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