Cristina Camargo
A Justiça autorizou Cristian Cravinhos, 49, condenado pelo assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen a mando da filha do casal, Suzane von Richthofen, 41, a cumprir o restante da pena em regime aberto, o que contraria manifestação do Ministério Público sobre o caso.
A juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, de São José dos Campos, determinou a progressão da pena nesta quarta-feira (5), alegando que Cristian mantém boa conduta carcerária, possui situação processual definida, cumpriu o prazo legal para a medida e não registrou faltas disciplinares nos últimos 12 meses.
Segundo a decisão, ele foi beneficiado com várias saídas temporárias e sempre voltou à Penitenciária 2 de Tremembé, onde cumpria a pena.
A juíza afirmou ainda que Cristian foi submetido a exame criminológico e a equipe multidisciplinar que o avaliou opinou de forma positiva para o regime aberto.
“As objeções apresentadas pelo Ministério Público não são aptas a justificar decisão desfavorável, já que ilações subjetivas a respeito da personalidade do apenado, isoladas do contexto, não se afiguram aptas a ensejar negativa de direitos garantidos pela Lei de Execução Penal”, diz trecho da decisão judicial.
Em janeiro, o promotor Gustavo José Pedroza Silva posicionou-se contra a progressão ao regime aberto, levando em consideração os resultados do teste de Rorschach (teste psicológico) a que o réu foi submetido.
Segundo o Ministério Público, Cristian apresenta traços disfuncionais de personalidade, como rigidez emocional e controle excessivo.
O laudo psicológico mostrou que ele tem dificuldade em lidar com as emoções de forma espontânea e distanciamento emocional.
“Cristian apresenta dificuldade em compreender e integrar suas emoções de maneira objetiva, resultando em reações que são frequentemente influenciadas por fantasias e ideias pouco realistas”, afirma trecho do laudo.
O exame citado pelo Ministério Público mostrou também que o réu conhece as normas sociais, mas não se identifica com elas; apresenta traços de imaturidade e uma percepção da realidade voltada para a sua própria perspectiva do mundo, sem empatia com as outras pessoas.
Cristian foi condenado em 2006 a 38 anos de prisão pelos assassinatos do casal Richthofen. Em 2017 ele chegou a receber autorização para cumprir a pena em regime aberto, mas perdeu o benefício ao tentar subornar policiais após ser acusado de agredir uma mulher, em Sorocaba, no ano seguinte.
Por esse segundo caso, ele foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão.
Cristian terá de comparecer de três em três meses à Justiça para relatar suas atividades; obter uma ocupação lícita; sair para o trabalho às 6h e voltar para casa até as 22h; não mudar de cidade ou de casa sem autorização; e não frequentar bares ou casas de jogos.
No final de 2024, em uma das saídas temporárias da prisão, ele publicou foto nas redes sociais em que aparece em uma casa com enfeites de Natal.
“Mais uma saidinha, se Deus quiser será a última. Feliz Natal para todos”, escreveu.
Suzane e Daniel Cravinhos, 44, irmão de Cristian, também condenados pelo duplo assassinato, já cumprem as penas em regime aberto.
No ano passado, Suzane foi eliminada do concurso público que prestou para trabalhar como servidora do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em janeiro deste ano, Daniel Cravinhos casou com a biomédica Carolina Andrade, 26.